quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Dona de uma voz afinadíssima: Camila Costa



1) Zanzei: Como você avalia o seu primeiro CD solo Reflexo?

CC- Não avalio (risos). Eu gosto dele, sabe como é? Tipo amor de mãe.
O que posso dizer é que é um disco muito especial pra mim, sobretudo, por revelar a mim mesma o meu lado cada vez mais forte de compositora. Nesse momento ando grávida do segundo.


2) Zanzei: No seu disco reflexo, você assina a maioria das composições. Como acontece na hora de compor? No que se inspira para compor?


CC- Compor é uma delícia. Me faz muito bem. Geralmente quando há parceria faço a letra e quando faço só já vem junto letra e música. Dificilmente musico texto de alguém, mas não é uma regra, aliás, o que se quer é não ter regra. Cada música acontece de um jeito, cada parceiro é de uma forma, cada tema se revela aos poucos ou de uma vez só, em frente ao computador, no carro... O grande barato pra mim é que levo de forma lúdica, prazerosa e dou asas à criatividade.


3) Zanzei: Como começou a idéia de ser diretora musical de peças infantis?

CC- Comecei no teatro junto com Sururu, já numa peça de grande porte. “De Getúlio à Getulio – a história de um mito” – Com Sérgio Brito, Osmar Prado e grande elenco. Fabiano Salek fez a direção musical e eu fiquei sendo assistente de direção musical da peça, além de tocar e cantar. Eu então tinha 21/22 anos e foi paixão à primeira vista pelo teatro, que já adorava como público, e passava a adorar toda a sua mecânica de criação, pesquisa e sincronia dentro de um roteiro, com personagens e etc... Depois disso, tocando e cantando, participei da peça Soppa de Letra com Pedro Paulo Rangel, que foi uma revolução na minha cabeça. O roteiro era todo feito com letras do nosso cancioneiro popular (bem diverso) e encenado por esse ator maravilhoso! Aí, a paixão virou amor e fui me embrenhando cada vez mais. Menos do que gostaria até. Fiz algumas peças com menos infra-estrutura, digamos assim, mas que me foram muito prazerosas também. Fiz direção musical de uma peça infantil, uma adaptação de Molière para crianças. Foi um barato. Com direito a bandinha de panelas, misturas sonoras etc... Trabalhei num musical sobre Nossa Senhora Aparecida (Como preparadora vocal e diretora musical) e Canto de amor à Gerais (uma peça musicada só com texto de poetas mineiros). Taí, adoraria trabalhar mais com teatro...


4) Zanzei: Em 2007 você participou de uma turnê mundial (Chicago, Marrocos e Tunísia) em comemoração aos 50 anos da Bossa Nova ao lado do pianista Itamar Assière. Como foi essa experiência?

CC- Foi muito legal! Uma experiência incrível. Fui a convite das embaixadas brasileiras, representando a nossa música. Minha afinidade com Bossa- Nova é muito grande e ter Itamar Assière é um luxo e um prazer. Nós também temos muita afinidade e fizemos diversos trabalhos juntos, além de também tê-lo no Reflexo. A receptividade em Chicago foi maravilhosa, aliás, como quase todas as vezes que fui aos EUA tocar e cantar. Os americanos gostam e respeitam a música brasileira, sobretudo, a Bossa-Nova. Muitos brasileiros residentes em Chicago ficaram emocionados com o show (que também tinha slides das paisagens bossa novísticas do Rio de Janeiro). Já no Marrocos e na Tunísia foi in-crí-vel! Saiba você que os Árabes também gostam de Bossa-Nova. E eu lá, sem lenço na cabeça (muitos risos). Quase sem lenço e sem documento, como disse Caetano.


5) Zanzei: Desde os 14 anos você esta ligada a música. Como você vê a evolução e o cenário musical nos dias de hoje.


CC- Quando comecei aos 14 anos e definitivamente troquei as sapatilhas de Balé por um violão e em seguida o canto, tudo era uma grande brincadeira. Ainda era criança e não sabia nada além do enorme prazer que a música me causava. Será que ainda continuo assim? Nem tanto, talvez. O que vejo é que tem muita gente boa e sinto uma renovação de ares maravilhosa nos últimos tempos.

6) Zanzei: Sendo uma das fundadoras do grupo sururu na Roda como você avalia essa parceria?

CC- São 8 anos! Um trabalho muito bonito que vem ganhando espaço cada vez mais.


7) Zanzei: O que você vem escutando atualmente?

CC- Sempre muita coisa: dos clássicos aos novos. E sempre muito eclética.


8) Zanzei: Quais os artistas que mais lhe influenciaram para formar a sua musicalidade?

CC- Se a pergunta tivesse sido os cantores (as), compositores (a) ou músicos que me influenciaram, acho que não poderia listá-los aqui porque são inúmeros. Mas artistas que me influenciaram na maneira de pensar, sentir e fazer música foram: Chico Buarque, Caetano Veloso, Egberto Gismonti, Elis Regina, Cartola, Fátima Guedes, Luiz Tatit, Zé Miguel Wisnik, Tom Zé, Tom Jobim, Nei Lopes, Maria Bethânia, Nara Leão, Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Guinga, Monica Salmaso, Clementina, Adoniram Barbosa, Beatles, Stravinsky, Clara Nunes, Arnaldo Antunes, Sidney Miller, Rita Lee, Gonzaguinha, Noel Rosa e Villa Lobos. Certamente esqueci alguém (risos).


9) Zanzei: Cantora, compositora e violonista. Qual desses talentos você mais gosta?

CC- De preferência tudo e junto (risos).


10) Zanzei: Você é uma artista que da muito valor a cultura brasileira nos seus diversos estilos como: samba, xotes, choros e etc. Qual a sua visão da juventude brasileira não conhecer a sua própria cultura?

CC- Sim. Eu amo a música Brasileira. Nosso povo, nossa gente, nossa história e cultura. Nossa música é uma das mais ricas do mundo. Mergulhar nesse universo é sem duvida fascinante, difícil até de garimpar, há muito ouro, tanto do que já foi como do que se renova. Desejo que a juventude brasileira possa cada vez mais entrar em contato com nossas riquezas e diversidades.


Mensagem ao Zanzei.
“Mesmo que os cantores sejam falsos como euSerão bonitas, não importaSão bonitas as cançõesMesmo miseráveis os poetasOs seus versos serão bons...”


JOGO RÁPIDO

Livro: “Livro do desassossego”(Fernando Pessoa).

CD: Ah! Aquele da Nana Caymmi com Camargo Mariano me marcou profundamente.

Música: São tantas...

Compositor: Chico Buarque.

Instrumento: Voz e Violão.

Cantora: Voz de Elis, Eliseth, Clara, Nara, Fátima Guedes, Salmaso, Calcanhotto...
Cantor: Caetano
Show: Atualmente vi o Show do Vitor Ramil com Marcos Suzano e achei maravilhoso!

Cidade: Rio/Paris/Rio.

Time: Brasil na Copa – Simpatizo com o Flamengo e com o Fluminense.

Cor: Um Arco íris.

Atleta: Senna.

Filme: Sou cinéfila total.

Ator: Pedro Paulo Rangel.

Atriz: Lilia Cabral.

Programa de TV: Quase não vejo TV.

Escola de Samba: Portela e Mangueira, né?

Ídolo: Gentileza.

Sonho: Sonho 70, do Egberto Gismonti.

Viagem: Adoro viajar, sobretudo à trabalho.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Anna Luisa - A música de todos os sons!


Uma mistura de ritmos e sensações marcada pela doce voz de uma carioca cheia de talento. “Girando”, segundo cd de Anna Luisa, chega prometendo grandes surpresas, com uma pitada de tudo o que há de mais brasileiro: a diversidade.

Com um timbre como poucos, tudo o que Anna Luisa faz encanta aos ouvidos acostumados com os bons sons.

O lançamento do cd, que vem pelo selo do Centro Cultural Carioca, está marcado para o dia 29 de outubro, às 21h, no próprio CCC.

Vamos girar por aí e aproveitar o delicioso papo com esse encanto de pessoa, a “bailarina” da música, que nos embala com belas canções.


Carol: Muitos artistas trazem de casa as influências musicais que seguem a sua carreira. Como foi o início da carreira para você? De onde vieram suas influências para compor seu trabalho?
Minha família sempre foi extremamente ligada à música. Todos “arranham” algum instrumento e são movidos a trilhas sonoras. Então sempre ouvi de tudo um pouco, em casa. E em meio a vários estilos (porque a família é grande, e há um ecletismo...) fui, aos poucos, reconhecendo aquilo que me soava melhor aos ouvidos.

Respondendo à sua segunda pergunta, diria que meu “liquidificador musical interno” teria porções de Lenine, Gil, Clara Nunes, Novos Baianos, Luiz Gonzaga, Caetano, Chico, Elis, Pedro Luis e A Parede, Nação Zumbi, Bob Marley, Barbatuques, Dorival Caymmi, Cássia, Marisa, Alceu, Gal, Bethania, Geraldo Azevedo, Tom Zé, Elba e por aí vai!!... Tem uma galera...

Carol: O seu primeiro cd foi marcado pela mistura de ritmos, indo desde o maracatu ao reggae, passando pelo samba, xote e ciranda. E em “Girando”, a mistura se repete?
Sim, claro! A minha “onda” é essa! Ritmos brasileiros! A diversidade que temos de sul a norte me fascina. Não posso ouvir o som de um tambor de alfaia, ou mesmo de um surdo. Um “xique-xique” de xequerê, um triângulo, um agogô. Um batuque qualquer de maracatu, de samba, de côco... Fico logo arrepiada! Por isso é inevitável ter todos esses elementos no meu trabalho. É pensando nesses “arrepios” que componho, que escolho o repertório. “Girando” mantém essa energia. Mas acredito que há uma evolução em termos de maturidade nas escolhas e na criação. Tivemos mais tempo também. Portanto, experimentamos mais, tivemos mais cuidado. Eu tô feliz!

Carol: Em seu novo cd, também encontraremos músicas suas e parcerias? Como é a Anna compositora? Em que (ou em quem) você se inspira para compor?
Sim! “Girando” tem 4 canções minhas. Uma em parceria com Emerson Mardhine, com quem tenho grande afinidade desde que comecei a compor; com Rodrigo Vidal, também competentíssimo produtor musical dos meus dois discos, e com Edu Krieger, talentosíssimo!! E uma só minha. Achei 4 de bom tamanho. Não gravei tudo o que compus. Até nisso tem de haver uma seleção. E sempre gosto de vasculhar um pouco o baú e, por outro lado também, ver o que está rolando de novo por aí. Tem muita gente bacana no disco. Dos velhos e dos novos tempos. Todos extremamente atuais.
Minha inspiração vem das coisas simples da vida. Do que eu observo, do que vivo, do que sinto. Gosto muito de criar personagens também, historinhas... Vc vai ver/ouvir!

Carol: Você lançou seu primeiro cd de forma independente, e “Girando” está saindo com o selo do Centro Cultural Carioca. Para você, quais são as maiores dificuldades de um artista independente? E como essa parceria com o selo do CCC ajuda na difusão do seu trabalho?
Sim, o segundo sairá pelo selo do CCC com distribuição da Universal. Uma parceria bacana que veio em boníssima hora. Somos parceiros: eu, o CCC e a Universal!

A primeira dificuldade do artista independente é, de fato, grana. Os custos necessários para bancar e promover o mínimo para se lançar um disco, dignamente, são sempre altos! Desde a gravação do disco (horas de estúdio, músicos, mixagem, masterização) até o lançamento (que inclui divulgação, produção, shows e etc). Existem algumas leis de incentivo que, por vezes, ajudam nesse processo. Ou sai do bolso do próprio artista. Falando de artista independente...

Por outro lado, temos muitas ferramentas a nosso favor, atualmente. A internet é a mais forte delas. Veja o exemplo da Mallu Magalhães. Consagrada pela internet e, agora, pela grande mídia. Mas primeiro, pela net. Não haveria esta hipótese antes.

As grandes gravadoras que, anteriormente, sustentariam todo esse processo, não correm mais muito risco. Com a pirataria e a queda das venda, dificilmente apostam no novo sem muita garantia. Acabam já pegando o artista com meio caminho andado...

Carol: Muitos artistas usam a Internet para a divulgação de seu trabalho. Qual a importância desse meio para a sua carreira?
Ih! Acabei me antecipando na resposta anterior. Mas uma coisa puxa a outra...

A internet é fundamental! Tenho site, myspace, orkut, enfim... E vejo que, realmente, são espaços importantíssimos. É como colocar a carinha na janela. E uma “senhora” janela! No myspace, por exemplo, recebo vários convites diários de pessoas do mundo todo que jamais ouviriam a minha voz, se não fosse por ali. Ou demorariam muito tempo mesmo!

É uma rede de referências. Você navega em busca de um e acha outro, e outro, e outro. No final, você conheceu “infinitos” talentos escondidos e, ao mesmo tempo, expostos na “rede”! O youtube também virou a maior de todas as janelas (muitas vezes, polêmica, mas é uma janelona! Não há de se negar...)... Existem pessoas do nordeste do país, onde meu disco nem ao menos conseguiu chegar, que cantam as minhas músicas. É incrível. Acho maravilhoso!

Carol: Viver de música nem sempre é uma decisão fácil em um país com tantos talentos como o Brasil. O que a música significa para você? Como é viver de música em meio a tanta gente talentosa?
Tem que ter paixão, acima de tudo, mas não apenas... E talento, muitas vezes, não basta. Apesar de ser o início de tudo, e sem ele, nem meio, nem fim... Existem muuuitos! Mas tem que ter vocação! Perseverança, resistência à frustração, insistência e paciência. São muitos fatores que conjugados podem resultar em sucesso. Até a própria sorte! Importante ser somada, sim.

O sucesso também é outra coisa relativa, enfim...
Acho que se o seu trabalho é de verdade, se você acredita nele, com força ( com força mesmo!), você vai seguindo. Não me queixo, de nada mesmo. To muito feliz. E vou continuar fazendo música!

“Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Enquanto eu puder cantar
Alguém vai ter que me ouvir”

Carol: Você já tem planos de fazer o novo show ‘girar’ pelo Brasil?
Sim, mas pra ano que vem. Vamos armando o terreno, com calma, pra cruzar as fronteiras!


JOGO RÁPIDO:
Obs.: Esses “jogos rápidos” são cruéis, viu?! Vou dar o panorama do momento... Tudo pode mudar amanhã...

Livro: Vou ser piegas, mas “O Caçador de Pipas”...
CD: To ouvindo sem parar “Ponto Enredo”, último da PLAP (Pedro Luis e A Parede). Sensacional!
Música: Que situação... São muitas... Mas aproveito para destacar “Cicatrizes”, de Miltinho e Paulo Cesar Pinheiro. Roberta Sá gravou com MPB-4. Linda demais a canção!
Compositor: Rodrigo Maranhão
Instrumento: Como disse, gosto dos tambores. Dos graves do surdo e da alfaia.
Cantora: Clara Nunes
Cantor: Lenine
Cidade: Rio de Janeiro (acima e apesar de tudo...)
Cor: RoxoTime: FlamengoAtleta: Paula (do basquete) Adorava vê-la jogar!Filme: fiquei muito impressionada com “Ensaio Sobre a Cegueira”. Tá recente, acabo de ver... Ator: Selton Mello
Atriz: Marieta Severo
Escola de samba: gosto da Mangueira, da Portela, Beija-Flor, Salgueiro, sem xiitismos. rs...
Sonho: Envelhecer com saúde pra continuar fazendo música. Até o fim...
Viagem: Nordeste, de cabo a rabo. Acho interessantíssimo. Riquíssimo musical e culturalmente. Criativo. Queria visitar os becos onde rolam ensaios de batucadas e danças populares de cada região. Pra ter os “arrepios”...

Palavras ao Zanzei:
Todos convidados para o lançamento do meu segundo disco – Girando – que terá show no Centro Cultural Carioca (RJ) no dia 29 de outubro. Apareçam!
Carol, obrigada pelo carinho de sempre! Beijo!

Anna, eu que agradeço por todo seu carinho e atenção! Torço muito por você, e tenho certeza que a cada dia mais pessoas vão se encantar com o seu belíssimo trabalho! Sorte e sucesso!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Cof Damu - A Bahia além do Axé!


E a vaca tossiu! Seis amigos que se juntam, em Salvador, para fazer um som que passa longe do Axé, tinha tudo para dar errado. Mas a irreverência e o talento de Véu Pater (vocais, violão e flauta), Cláudio Lima (bateria), Eduardo Karranka (guitarra), Pedro Fulgêncio (teclados), Fábio Abu (percussão) e Dudare Wriwrai (baixo) conquistou o público baiano e vem ganhando espaço em solo carioca.

Com o cd “Cof Damu” recentemente lançado pelo selo Som Livre Apresenta, a banda, que se mudou para o Rio de Janeiro, foi descoberta pela Internet. E o que eles achavam ser um trote, foi a realização do projeto que muitos artistas buscam, o apoio para o lançamento de seu trabalho.

Com a agenda de shows cada vez mais movimentada, a Cof se apresenta na Nuth no dia 16 de setembro, no projeto Oi Novo Som.

Conversei com a banda sobre sua trajetória e novos projetos. Divirta-se!

Carol: A música sempre esteve presente na vida de vocês? Como foi que a banda começou?

[CLÁUDIO] A música sempre fez parte das nossas vidas, nos encontramos por causa dela. Eu já tocava com Verônica numa outra banda. Quando o grupo acabou, ela e Pedro pensaram em montar um novo projeto. Pedro convidou Dudare (que tocava junto com ele na Vinil 69) e, durante a gravação do cd, chamou Abu (que estudava com ele). Pessoas saíram, pessoas entraram, até termos a formação de hoje, com Karranka na guitarra.

Carol: O nome “Cof Damu” vem da expressão “nem que a vaca tussa”. Como surgiu a idéia para esse nome?

[DUDARE] “Há controvérsias” (risos). As pessoas que acompanham nosso trabalho e a imprensa já deram tantas versões para a origem do nome da banda que a gente até já esqueceu da história original. Brincadeira... A gente queria algo diferente pro nome e como estávamos fazendo um som que não tinha nada a ver com o axé, pensamos: “nem que a vaca tussa esse som vai dar certo aqui”. Aí brincamos com as palavras e deu nisso – rs. Resumindo: Cof (tosse) Damu (da vaca).

Carol: Qual a importância da Internet na divulgação do trabalho de vocês?

[PEDRO] A Internet tem um papel fundamental na divulgação do nosso trabalho. Se não fosse por ela, talvez não estivéssemos respondendo esta entrevista agora. Temos uma ferramenta riquíssima ao alcance dos dedos e procuramos explorar o potencial que ela tem para oferecer. Estamos falando de uma mídia praticamente gratuita, onde todos podem disponibilizar seu trabalho. A Internet é de suma importância, não apenas pra gente, mas para o processo de democratização da cultura, de modo geral.

Carol: Como é, para vocês, terem o cd lançado pelo selo Som Livre Apresenta? Como surgiu o convite para gravar esse cd?

[FÁBIO ABU] Disponibilizamos nossas músicas no site Palco mp3, o pessoal do selo encontrou nossa página e entrou em contato conosco. Até achamos que era trote (risos). Pouco tempo depois formalizamos o contrato e lançamos nosso disco, que já estava gravado e foi remixado e remasterizado nos estúdios da gravadora. O Som Livre Apresenta desenvolve um trabalho muito bacana, de parceria com as bandas do seu casting. Às vezes as pessoas confundem, acham que matriz injeta rios de dinheiro nos artistas do selo, mas não é verdade. Contamos com um apoio do selo, mas não deixamos de ser independentes. Fazemos tudo entre nós mesmos; da divulgação do nosso trabalho até as negociações de shows.

Carol: A Bahia é vista como um lugar que só lança artistas de Axé. Como é para vocês, uma banda baiana, fugir desse estereótipo? Quais são os desafios para se conseguir um espaço em um lugar tradicionalmente ligado ao Axé?

[KARRANKA] Fugir do estereótipo não é difícil, complicado mesmo é sobreviver com o diferente (risos). Não há mercado em Salvador para o tipo de música que fazemos. A indústria da música na Bahia prefere investir numa receita onde não fazemos parte dos ingredientes (risos). Mas existem exceções e iniciativas louváveis também, assim como existe um público que alimenta essas ações.

Carol: A Cof Damu já foi comparada com os Novos Baianos, grupo que fez grande sucesso na década de 70. Como vocês encaram essa comparação? Existe alguma influência dos Novos Baianos na música que vocês fazem?

[VÉU] A comparação chega a ser uma honra pra gente. Todos nós, sem exceção, admiramos o trabalho dos Novos Baianos. Mas não conseguimos identificar grandes semelhanças com a sonoridade das nossas músicas. Parecido mesmo, está sendo o trajeto: somos 6 baianos morando juntos no Rio de Janeiro, acabamos de lançar nosso disco por um selo da Somlivre, vivemos num esquema meio “comunidade” (risos). Acreditamos que a comparação está mais ligada ao conceito, do que à forma.

Carol: Todas as músicas presentes no cd de estréia da banda são da vocalista Véu Paternostro. Véu, como é o seu processo de composição? Que temas você costuma abordar nas suas músicas?

[VÉU] É bem natural. As idéias fluem na cabeça e eu só faço executar. As letras são variadas, mas nesse cd, em particular, as relações humanas foi a principal temática. As faixas falam de um simples relacionamento afetivo (como Grãos), até a preocupação com o trabalho escravo (como Caprichos).

Carol: Falem sobre a experiência de estarem morando no Rio de Janeiro. Como vocês estão sentindo a recepção do público carioca? O que vocês já incorporaram da música carioca?

[FABIO] A experiência está sendo, no mínimo, diferente. Pelo menos no começo, foi. Eram 7 pessoas morando em um apartamento de 2 quartos. com seus instrumentos e pertences pessoais. Então, foi massa!!! Mas o importante de estar morando no Rio é estar conectado e se conectando; e também estar sendo conectado, com o que está acontecendo com o resto do país e do mundo. Morando em Salvador você fica um pouco cercado pelo mercado cultural local, o que faz com que você não expanda seus horizontes.

Explicando, a cultura e a arte são o motriz das revoluções/mudanças sociais. A música do momento é o reflexo do que está acontecendo no mundo, não apenas nas letras mas principalmente no conceito sonoro da música, na emoção. As turnês nacionais maiores, e principalmente as internacionais, não passam nem perto de Salvador. Sendo assim, fica-se sabendo do que está acontecendo, mas, falando de uma forma mais profunda, a sensação de estar participando do acontecimento é quase nula. É como um expectador que apenas observa, quer fazer parte e não consegue (a Internet pavimentou um pouco esta estrada, mas um pouco; ter visto a queda do muro de Berlim pela TV, por exemplo, foi bem diferente do que ter estado lá com seu martelinho na mão).

Então, respondendo a pergunta, morar no Rio é exatamente o inverso do escrito acima. É estar presente.

Carol: Quais são os planos da banda, agora que estão morando no Rio? O que podemos esperar da Cof Damu daqui para frente?

[PEDRO] Queremos continuar trabalhando muito, divulgando nosso trabalho e tocando pra um número cada vez maior de pessoas. Achamos que se fazemos uma coisa com o coração, e colocamos nossa alma nisso, as chances de dar errado diminuem (risos). Daqui pra frente, queremos nos cercar de muita energia positiva e de pessoas que queiram crescer junto com a gente. A cada pessoa nova que vem falar conosco depois dos shows, sentimos que a banda ganha um novo integrante. O feedback e o apoio do público são muito importantes pra gente.


JOGO RÁPIDO:

Livro: [Véu] O Tao da Física - Fritjof Capra [Abu] Tuareg - Alberto Vazquez-Figueroa [Dudare] Histórias de Amor – Rubem Fonseca [Cláudio] História da Riqueza do Homem - Leo Huberman [Karranka] Armas, Germes e Aço. Os destinos das Sociedades

CD:
[Véu] Le Fil - Camille Dalmais [Abu] Baiano de Os Novos Caetanos [Dudare] Let There Be Rock – AC/DC [Cláudio] Crash – Dave Matthews Band [Karranka] Acabou Chorare - Novos Baianos

Música:
[Véu] Sweet Lullaby – Deep Forest [Abu] Ocean Size - Jane's Addiction [Dudare] Ten Years Gone – Led Zeppelin [Cláudio] Nineteen Days – Gavin Harrison [Karranka] Eleanor Rigby

Compositor: [Véu] Nitin Sawhney [Abu] Luiz Gonzaga [Dudare] Raul Seixas (transformou todos os livros em músicas) [Cláudio] Chico Buarque [Karranka] Raul Seixas

Instrumento:
[Véu] Piano [Abu] Percussão [Dudare] Baixo (McCartney tocando de preferência) [Cláudio] Bateria [Karranka] Guitarra

Cantora: [Véu] Tori Amos [Abu] Bjork [Dudare] Rita Lee (zelo mais pela alma e composições, e isso ela tem de sobra) [Cláudio] Sara Tavares [Karranka] Elis Regina

Cantor:
[Véu] Thom Yorke [Abu] Chris Cornel [Dudare] Ray Charles [Cláudio] Youssou N’dour [Karranka] Robert Plant

Cidade:
[Véu] Masdar City [Abu] Lauro de Freitas [Dudare] Todas que não conheci [Cláudio] Salvador [Karranka] Barcelona

Cor:
[Véu] Tons terra [Abu] Azul [Dudare] Verde [Cláudio] Verde [Karranka] Azul

Time:
[Véu] o que está perdendo [Abu] Brasil [Dudare] E.C. Bahia [Cláudio] E.C. Bahia [Karranka] C.R. Flamengo

Atleta:
[Véu] Abu rsrs [Abu] Bob Burnquist [Dudare] Mailson [Cláudio] Usain Bolt [Karranka] Michael Phelps

Filme:
[Véu] Terráqueos [Abu] The Goonies [Dudare] Monty Python: Em Busca do Cálice Sagrado [Cláudio] Os Deuses Devem Estar Loucos [Karranka] Os Suspeitos

Ator:
[Véu] Rowan Atkinson (ficar sério numa montanha-russa não é pra qualquer um rsrs) [Abu] Matheus Nachtergaele [Dudare] Sean Penn [Cláudio] Gcao Coma [Karranka] Morgan Freeman

Atriz: [Véu] Linda Blair (virar a cabeça 180º não é pra qualquer uma rsrs) [Abu] Fernanda Montenegro [Dudare] Fernanda Montenegro [Cláudio] Audrey Tautou [Karranka] Sônia Braga

Escola de samba:
[Véu] Nenhuma [Abu] Nenhuma [Dudare] tenho simpatia pelas cores da Mangueira [Cláudio] Todas [Karranka] Salgueiro

Sonho:
[Véu] O da padaria da esquina (de creme) [Abu] Mundo [Dudare] o mundo da imaginação :P [Cláudio] sonho [Karranka] Progresso

Viagem: [Véu] Chapada dos Veadeiros [Abu] Oriente Médio [Dudare] Amsterdam [Cláudio] Europa [Karranka] Egito

Palavras ao Zanzei: Foi um prazer imenso responder esta entrevista. Agradecemos muitíssimo pelo bate-papo e esperamos que os leitores tenham curtido também. Muita música no coração de todos e positividades, sempre!

Cof, muito obrigada pelo papo! Parabéns por acreditarem no trabalho que vocês fazem, e por passarem, a quem conhece o som, uma verdade tão boa de sentir! Desejo a vocês muito sucesso aqui no Rio, e que o som da Cof se espalhe cada vez mais!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Entre as flores da Lapa - Roberta Espinosa


O grupo Matriz lançou um guia mensal de programação, e o primeiro, veio com ela na capa. Não é para menos, o destaque e os elogios são mais do que merecidos. Roberta Espinosa, tem uma voz linda e uma presença de palco que deixa no chinelo muito CD de platina por aí.

Depois de ter aberto o projeto "Vozes da Lapa", no Teatro Odisséia, já fez seu show solo, no Bar da Ladeira - continuação do projeto - E está com vários shows marcados. Pelo menos em algum, você consegue ir, mas o recomendado mesmo, é que vá em todos. Não tem erro. É diversão na certa.

Produzindo seu primeiro CD, essa menina moça de apenas 21 anos, já tem fãs fiéis, com direito a comunidade no Orkut. Não podia ser diferente, a princesinha do samba (como é chamada na comunidade dedicada a ela), é uma simpatia e as apresentações dela são uma delícia. Samba. Muito, e de todos os tipos: pra ouvir, pra dançar, dos clássicos aos mais "moderninhos" , se der sorte, escuta uma das composições dela e pode terminar a noite dançando um forrózinho. Só há um risco: a música parar e você querer mais!

Raquel: Como e quando começou seu contato com o mundo artístico? Li que você já fez tablado, como foi essa experiência? Você ainda atua?

Roberta: O meu contato com o mundo artístico começou quando eu era bem pequenininha (menor ainda), rs. A minha mãe não se profissionalizou como cantora mas, dentre as muitas lembranças que tenho, tem uma muito forte que é a da minha mãe cantando em frente ao som e me perguntando: "minha filha ficou boa essa música?" O meu avô, pai da minha mãe conheceu a minha avó no teatro e o filho deles, meu tio, fazia tablado. Ele passava o dia inteiro me filmando. Tem uma gravação em que eu interpreto a Ruth e a Raquel da novela "Mulheres de areia." Eu queria ser atriz, o lance de ser cantora só surgia quando eu via a Patrícia Marx cantar. Meu pai, é um artista nato. Só quem conhece sabe! Quando eu completei uns 13 anos entrei pro Tablado, mas logo descobri os musicais e o prazer de cantar superou e muito o lance de atuar. Mas de verdade, o que eu gosto mesmo é de cantar! Amo, amo, amo cantar e passar uma boa energia pras pessoas.

Raquel: Há quanto tempo você se apresenta? Além do Bar da Ladeira, onde você já se apresentou?

Roberta: Eu me apresento desde que eu tenho uns 17 anos. Comecei numa banda de anos 80 chamada Zelda Scotti. Isso é muito louco pq eu fazia um musical e um ator chamado Milton virou pra mim e disse: " Quem falou que você é atriz se enganou e muito! Você é cantora garota. Eu vou montar uma banda pra você. Quando estiver pronta eu te ligo!" Eu acabei saindo do musical e um dia voltando de viagem, o telefone toca e era ele dizendo que estava tudo pronto. Foi a primeira banda que eu comandei. Foi quando eu tive a certeza de que realmente eu não tinha nascido pra outra coisa. A banda acabou porque o Milton faleceu num acidente de moto e ninguém mais conseguia ensaiar. Eu fiquei um tempão arrasada. Aí eu fui numa boate e conheci o Rick De La Torre (baterista) e o Toninho Van Han (tecladista). Eles me apresentaram o Otavio Santos(compositor maravilhoso) e nós começamos uma banda chamada Bela Perdida. é um pop moderno, logo vai estar no myspace.
Na Lapa eu comecei a cantar há dois anos. Foi louco porque eu passei na frente de um barzinho e falei:"vocês querem uma roda de samba???". Eu só sabia cinco sambas de cor. Chamei a Adriana Hadassah pra me fazer companhia, ela é prima da minha tia e canta na Lapa. Ótima cantora, aprendi muito com ela. Nesse meio tempo eu canjeava com o Toque de Arte. Bebi muito da fonte deles. Da fonte maravilhosa diga-se de passagem. Foi o meu pai quem me levou. O meu pai não queria que eu fosse artista mas ele era amigo dos integrantes do grupo. Aí eles me ouviram e disseram: " Carlinhos você ta perdido!!!" (risos)
Eu já cantei no Rio Scenarium, estarei fazendo a minha quarta temporada agora em setembro. Teatro Odisséia, Café Cultural Sacrilégio, Cinematheque, Vinícius Bar, Bar da Ladeira, Espaço GNT...


Raquel: Você exerce alguma outra profissão ou se dedica apenas ao campo artístico?

Roberta: Eu fazia Pedagogia na UNIRIO mas eu tranquei. Passei pra letras em 2005 na UERJ e só descobri no mês retrasado. Quase que eu morri do coração. Eu amo letras teria feito com certeza! Pq eles não mandam uma carta dizendo que a gente passou? Atualmente estou na música e dela não quero sair. Vou prestar a prova esse ano pra UNIRIO de novo rs ( ai esse vestibular que me persegue) pra música.

Raquel: Na sua opinião, o cenário carioca está aberto para novos talentos? Como se percebe a facilidade ou dificuldade de se inserir como novo nome nesse meio?

Roberta: Eu acho que o cenário carioca está aberto sim. E o cenário brasileiro nem se fala, é imenso, tem espaço pra todo mundo. Eu não posso responder por todos mas a maior dificuldade que eu estava enfrentando era estar sem o CD. Agora ele já saiu do papel mas ainda falta muito pra ficar pronto. É trabalho árduo mas tem que ser feito. O meu site entra no ar agora no final de agosto. Agora, o difícil é se divulgar. A Rede Matriz faz um trabalho muito bacana nesse sentido. Eles divulgam com esmero os artistas que fazem os shows em suas casas. Lançaram uma revista chamada Nox. Eu, Simone Lial, Patricia Oliveira e Karla da Silva fomos a capa da edição de agosto. A mídia é que está muito fechada pra música de uma forma geral. Não existem mais programas que apresentem os novos grupos. Cara, a música toca direto na rádio e pra aparecer na tv demora séculos. Tudo bem que a televisão não é a única forma de divulgação mas todo mundo sabe que o brasileiro vê muita televisão e a grande massa não tem tv a cabo. Tem o programa do Raul Gil e tem o Som Brasil que é maravilhoso mas eu nunca assisto porque é muito tarde. Garanto que muita gente também não consegue ver. Porque não passa um programa assim no sábado, domingo a tarde? O brasileiro é muito musical. A gente não pode perder isso.

Raquel: O que você não abre mão de ouvir?

Roberta: MPB.

Raquel:Quais artistas são suas principais influências?

Roberta: Elis Regina, Tim Maia.

Raquel: Repertório, como você monta? Dá preferência a quais artistas?

Roberta: Na verdade, eu dou preferência às músicas. O cantor sempre será voz e canção. Se ele tem a canção que toca o coração das pessoas ele tem o ouro na mão. Eu procuro canções que me agradem e que eu sinto que agradam o público também.

Raquel:No show que eu assisti, você cantou também vários forrós? Qual a importância você dá a não se prender a um único estilo musical?

Roberta: Eu acho importante por causa dessa coisa da canção. Pra mim não existe um samba bonito, um forró bonito ou um sertanejo bonito, as músicas são bonitas. Os caras se inspiram e compõem umas coisas inacreditáveis. Junto com elas vem o ritmo. Mas cantando na noite eu dividido em blocos pra galera ter o momento de sambar, o momento de paquerar, o momento de forrozear...ou pode ser misturado, vale tudo!

Raquel:Percebi também a presença de composições suas. Existe alguma forma de acesso as suas músicas? Existem planos para o lançamento de algum CD? Agora, quais são seus principais planos, na música?

Roberta: Pois é! Eu já canto comumente uma música minha chamada “Descaminhos” e o pessoal está decorando (isso é demais) e já pede no show! Poxa, eu fico muuuuuito feliz. Eu não toco instrumento e assim como muitos compositores eu componho de cabeça. Quando eu canto pros meus pai eles sempre fazem uma cara esquisita! Depois que a harmonia é colocada eles falam " essa música não foi aquela que você cantou"!!!(risos)
Já entrei em estúdio pra gravação do cd e eu devo assinar 7 das 10 composições dentre parcerias também. Vai ter samba, soul, axé!!!! Procurei fazer um CD pra dançar. Também terá uma ciranda que eu acho que será a única música lenta do disco.
Planos? Eu tenho vários...mas dá pra fazer plano no nosso país??? (risos) O meu plano é continuar tendo fé em Deus pq com Ele tudo dará certo.


Raquel:Você já fez alguma parceria? Com quem?

Roberta: Marcio Lokal, Otávio Santos, Diana Nascimento, Thiago Mocotó...

Raquel: E a parceria dos sonhos? Com quem seria? O que vocês cantariam?

Roberta: A parceria dos meus sonhos já aconteceu!!!! É a parceria com uma pessoa que eu apelidei carinhosamente de "presentinho". É com a minha irmã de dez anos. A letra é dela e a música " Aonde está meu Rio" vai estar no cd. ( Licença poética para o aonde, rs). A minha irmã Luisa foi o melhor presente que eu já recebi.

Raquel: Se pudesse resumir, o que sente, quando está no palco, como o faria?

Roberta:" Sai do chão"!!!

Jogo Rápido:

Livro:
" A menina que roubava livros"
CD:Los Hermanos 4
Compositor: Chico Buarque, Gilberto Gil e Marcelo Camelo.
Instrumento: Piano, bateria, percussão
Cantora: Elis Regina
Cantor: Tim Maia
Cidade: Trancoso
Time: Fluminense
Cor: Vermelho
Atleta: Daiane dos Santos
Filme: Closer e o Segredo de Brookeback Mountain
Ator: Tony Ramos
Atriz: Marieta Severo
Escola de Samba: Gosto de todas.
Sonho: Um sorvete imenso.
Viagem: Bahia

Palavras ao Zanzei:

Zanzei muito obrigada pela oportunidade desse papo gostoso! E obrigada por me dar também a oportunidade de mostrar um pouquinho como eu sou e dar essa força na minha carreira!
Beijocas
Ps: " Alô mamãe!"...e papai!


Quer conferir, vai sem medo. Aprovadíssima pelo Zanzei:

09 a 13/09 - Rio Scenarium
20 /09 - Bar da Ladeira – Esse será especial, comemoração do aniversário da Roberta.
3, 17 e 31 – Teatro Odisséia (Vozes da Lapa)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Raquel Koehler - As várias faces de uma artista!


Ela é todas em uma só. É atriz, cantora, engraçada, séria, ‘over’. É Black Music e é Rock’n’roll. Ela é Raquel Koehler. Depois de lançar, em 2007, “Pilhagem”, seu CD de estréia, Raquel vem com um novo show, mostrando as contradições da vida, com músicas que falam de conflitos, de fé, de mudança, de alegria. Com arranjos ousados para clássicos como “Preciso me encontrar”, de Cartola, ela pretende surpreender.

Além do seu novo show, Raquel volta em cartaz com o musical “Calabar”, de Chico Buarque, em que interpreta Anna de Amsterdã. A peça estará em cartaz nos dias 22 e 23 de agosto, no Teatro Municipal de Niterói.

E no dia 18 de agosto, tem o Pocket Pilhagem na FNAC Barra Shopping.

Aceite o convite e atreva-se a conferir o papo com essa artista que é puro movimento:

Carol: Depois de uma temporada de sucesso em Niterói, “Calabar” está de volta. O que essa experiência no teatro ajuda na sua carreira de cantora?

Muito. Costumo dizer que uma vez no teatro, para sempre nele. O olhar muda, e nada é porque é. (risos) A piração mais louca passa a ter uma justificativa, nem que seja a minha, só minha (risos).

Arte nada mais é que modificação, transformação, mesmo que isso aconteça da forma mais descompromissada possível (acho que com a musica é um pouco assim). E depois do teatro, é impossível não se comprometer. Existe um compromisso em modificar, sim.

Então, aliar essas duas formas de arte, sem dúvida, é maravilhoso. Voltar a regar a semente do teatro está sendo mágico, principalmente neste momento.

Carol: O seu novo show está com um aspecto teatral. A idéia veio depois da sua participação em “Calabar”?

Na verdade, já era um grande desejo, mas, sem dúvida, estar em “Calabar” me deu muito mais segurança.

Carol: Qual o conceito do show “Pilhagem – Contradições”? O que você espera passar para o público?

É falar de mim, de uma pessoa que é várias pessoas, e que acredita que o mundo é feito de pessoas que possuem várias outras dentro de si (risos).

Esse show fala de crises, do mundo, da vida, de personalidade, dos problemas de uma maneira geral, mas vestidos de formas diferentes. Falo da fé, que acredito muito ser a única forma de modificação, falo de trocar a roupa, de encarar a vida, com todos os problemas, de uma forma mais leve e alegre.

Enfim, a Raquel mais centrada que existe dentro de mim, acha isso (risos). A outra quer anarquia, catarse, inquietude ou até mesmo um incômodo, o entalar da garganta (risos).

Carol: Como foi a escolha de repertório? O que vai ter de novidade em relação ao antigo show?

Foi pensando nisso tudo. Entram músicas novas sim, como ”Socorro” de Arnaldo Antunes, “Preciso me encontrar” de Cartola, “Tiro Onda” de Jair Oliveira, entre outras.

Carol: O show “Pilhagem” era embalado pela Black Music. O que te levou a inserir o Rock'n'roll nesse novo show?

Acho que tem a ver com aquele papo de várias pessoas dentro de uma. Não gosto dos rótulos e da necessidade de rotular. Acredito estar numa eterna mutação, evolução (ou não! risos) e amadurecimento, sempre tive necessidade disso.

Durante muito tempo, ganhei meu público com boas risadas, aliadas ao swing. Quis mostrar esse meu outro lado agora, tenso, consistente, e até mesmo pesado.

Por esses dias, conversando com uma amiga, falei que estava com medo de o show ficar meio “over”. Ela perguntou: “Medo? Over?”. Medo realmente não costuma ser uma característica minha. E sobre o “over”, tive que ouvir na lata: “Você é ‘over’! Medo de parecer o que é?” (risos).

Carol: Como você sentiu a recepção do público nas estréias no Rio e em Niterói?

Fiquei muito feliz, muito mesmo! Tinha dúvidas, me afastei do palco por quase um ano para encarar todas essas transformações. Tinha dúvidas sobre a aprovação e sobre o público. Mas não, eles estavam lá, lotando os dois Teatros, e o melhor, aprovando tudo.

Carol: Você já tem previsão de levar esse novo show para fora do Rio?

É um grande desejo meu e estamos trabalhando muito para isso. Muito em breve estaremos por São Paulo, e lá é só o começo! O mundo que me aguarde! (risos).

Jogo rápido:

Livro: "O Mistério de Feiurinha" (marcou minha infância! risos)
CD: Muitos
Música: Brasileira
Compositor: Chico Buarque, Lenine, Moska
Instrumento: Coração
Cantora: Elis Regina e Cássia Eller
Cantor: Freddie Mercury
Cidade: Niterói
Cor: Todas (mentira! risos. não gosto de marrom)
Time: O que ganhar (risos)
Atleta: Todos os que lutam para viver do que amam
Filme: "À Espera de um Milagre"
Ator: Marco Nanini e Marcos Caruso
Atriz: Marília Pêra
Escola de samba: Lapa, Rio de Janeiro, Cartola, Noel Rosa...
Sonho: Ir no Jô! (risos)
Viagem: As que ainda não fiz
Palavras ao Zanzei:
"Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"

Raquel, muito obrigada pelo seu carinho e atenção. E que muito mais pessoas possam ser contagiadas pela sua energia e alto astral! Sucesso sempre!

sábado, 3 de maio de 2008

Lucio Sanfilippo. Disco novo previsto para setembro de 2008"



1.Desde a infância você era ligado à música?

Sim. Meu avô Lucio Sanfilippo tocava tarantelas ao acordeão. Meu tio Remo tocava guitarra e violão. Fora isso, meu pai sempre ouviu muita música desde que eu era pequeno: Clara Nunes, todos os discos do Roberto Carlos, dos Festivais de San Remo da Itália, tarantelas, Cláudio Villa, Aurelio Fierro, as coleções de compositores que se vendiam nas bancas de jornal, como Ataulfo Alves, Chico Buarque, Luiz Gonzaga e também muita Gal Costa, Caetano Veloso e trilhas das novelas da Globo, que eram maravilhosas.


2.Como surgiu a idéia de gravar o primeiro disco?

Eu, muito honrado, tinha recebido um convite pra gravar as músicas do Lenildo Gomes (bandolinista do excelente Dobrando a Esquina) e do Luiz Flávio Alcofra (violonista do Água de Moringa) num disco lindo chamado Cordel da Fitas, que contou tb com a presença da Clarice Magalhães (pandeirista do Choro na Feira) e que saiu em 2001. Fiquei com vontade de gravar outro mais autoral com as minhas músicas e com as músicas da minha infância e dos compositores de que gosto. A Ana (Costa) e o João (Hermeto) toparam a idéia e demos corpo ao projeto.


3.Como você avalia o seu primeiro CD Canções de amor ao Leo?

Eu, sem falsa modéstia nenhuma, acho meu disco um dos melhores que já ouvi. A Ana Costa e o Joãozinho Hermeto arrebentaram nos arranjos e tb tocando, e os músicos são todos maravilhosos. Tem Lia de Itamaracá, Tia Maria do Jongo, Coco de Umbigada de Guadalupe-PE, Razões Africanas (Dely Monteiro, Lazir Sinval, Luiza Marmello, Anderson Vilmar, Marcello Mattos e o Joãozinho), Bianca e Dedé Alves, na época, do O Roda e músicos do naipe de Dani Spielmann, Nicolas Krassic e Nilze Carvalho. Um repertório mais do que brasileiro, mostrando toda a beleza de ritmos como jongo, coco, afoxé, ciranda, maxixe, com compositores excelentes. Enfim, um disco lindo em todos os aspectos. Pena a pouca divulgação. Tem sites que descobriram o disco (lançado há dois anos) somente agora e fizeram críticas excelentes. Eu vendi quase que de mão em mão entre 1500 e 2000 CDS.


4.Quais são as suas influencias?

Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Djavan, Marisa Monte, Orlando Silva, Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso, Paula Toller, Elis Regina, Ciro Monteiro, Clara Nunes, Claudio Villa, Beniamino Gigli, Aurelio Fierro e tantos outros... Hoje ouço muito Moyséis Marques e Marcos Sacramento. Também tenho influência imensa dos ritmos brasileiros da cultura popular, do candomblé e do folclore.


5.Quais seus planos para 2008?

Lanço meu disco no segundo semestre e também lanço este ano meu livro para-didático sobre interdisciplinaridade e cultura popular. Vou tentar fazer com que os dois ocorram simultaneamente. Também vamos gravar o disco do Razões Africanas e vou fazer mais dois desfiles do Galinha d’Angola, dia 13 de maio e dia 20 de novembro, pelo menos.


6. O que o público pode esperar do seu próximo CD?

A minha gravadora ZAMBO DISCOS me fez o convite pra fazer um novo disco este ano. Lanço então, em setembro, cd de inéditas minhas e de compositores amigos e maravilhosos com muito samba, jongo, maracatu, coco, marcha-rancho, afoxé... Que é realmente a minha praia. Participações especiais confirmadas de Tia Maria do Jongo, Razões Africanas (Dely Monteiro, Lazir Sinval e Luiza Marmello + Marcello Mattos e Anderson Vilmar) e Roberta Nistra. Arranjos de Marcelo Menezes e Ana Costa.


7. O grupo Razões Africanas trabalha em cima de diversos ritmos como: Jongo e Afoxé. Você acha que a cultura afro deveria ser mais divulgada no Brasil?

Acho que tem que ser mais divulgada sim, por isso vou lançar este livro e colaboro, agora como voluntário, com o LCPF/UERJ, um laboratório de folclore e cultura popular dentro da universidade publica, coordenado pela professora doutora Zezé do Folclore. Ministro oficinas de danças populares e vou lançar este cd novo valorizando sempre a nossa cultura. Fora o trabalho com o Razões Africanas que me dá esse prazer imenso (pretendemos gravar um disco ainda este ano tb) ainda participo de um coral que canta em línguas africanas coordenado pela minha Mãe Pequena, a Ialê Lucinha Pessoa e fundamos tb o bloco afro Galinha d’Angola, o “Vai Conquém?”


8. No seu disco podemos observar muitas influencias, estilos variados. Como você define a sua música?

Eu a defino como música brasileira. Porque é resultado da mistura das minhas influências que são negras, brancas e indígenas em sua mais alta e forte essência. Mas há quem o classifique de regional. Acho lindo, de qualquer forma (risos).


9. Uma de suas paixões é o Candomblé. Como você vê a religião nos dias de hoje?

Eu sou um apaixonado pela minha religião. Amo os orixás, o meu orixá, o meu pai de santo, minha mãe pequena, meus irmãos. Somos uma família. Sei que existe um monte de gente que entra na religião perdido ou só pra aparecer. E sei também que tem um monte de mau caráter aí usando o nome do candomblé pra fazer suas falcatruas. Mas mau caráter tem em qualquer lugar. Religião - sempre foi muito claro na minha cabeça - é pra se encontrar, se religar com o divino, difundir o amor, que é a coisa mais importante do mundo. Mas cada um tem um caminho religioso, dentro ou fora do candomblé. Sigo meu caminho, orientado pelo meu zelador, pelo meu orixá e pela minha consciência que, por sua vez, é guiada pelo amor. Aprendi cedo com minha mãe e passo pro meu filho que temos que fazer nossa parte, ser bons, que temos que amar que temos que trabalhar pagar nossas contas em dia e levar a vida com bom humor, respeito e felicidade. Se você perguntar pro meu filho Leonardo qual é a coisa mais importante do mundo, ele vai responder que é o amor, porque reforço isso a cada dia. Acabamos de perder Ia Nitinha, matriarca do Engenho Velho e da nação Ketu no Brasil, segunda pessoa da Casa Branca, o terreiro de candomblé mais velho do Brasil e minha avó de santo. Com ela vão muita sabedoria e muita disciplina religiosa. Ficamos nós com a responsabilidade de manter em alta conta a nossa religião e o nome de nosso Axé Ia Nasso Oka com muito amor, dignidade e força!


10. O que você tem escutado ultimamente?

Moyséis Marques, Edu Krieger, Roberta Sá, Marcos Sacramento, Gal Costa, Simone Guimarães, Vanessa da Mata (estou apaixonado por Carta e a Força que nunca seca), Adryana BB, Gonzaguinha, Marcelo Menezes e um disco chamado Alumeia - O Cerrado que a Velha Canta maravilhoso. Passei tudo pro meu mp4 e ouço no carro e quando estou correndo malhando. Meu dia é sempre cheio de música.
Jogo Rápido

Livro: KITABU, NEY LOPES E GALINHA D’ANGOLA (José Flávio Pessoa de Barros, Arno Vogel e Marco Antônio da Silva Mello
CD: Tenho ouvido os do Krieger, do Moyséis e da Roberta Sá. Adoro Plural e Gal, da década de 90 da Gal Costa
Música: CARTA (Vanessa da Mata)
Compositor: pra citar 3 dos que mais gosto, Mauro Duarte, Délcio Carvalho e Wilson moreira e dos novos, Pedro Holanda, Edu Krieger e Moyséis Marques
Instrumento: Violão, principalmente tocado pelo Marcelo Menezes
Cantora: GAL COSTA, Aracy de Almeida e as Meninas da Serrinha (Lazir Luiza e Dely) das novas, Elisa Addor, Patrícia Oliveira e Roberta Nistra Cantor: Caetano Veloso, Moyséis Marques e Marcos Sacramento
Show: O Sorriso do Gato de Alice
Cidade: Rio de Janeiro
Time: FLUZÃO
Cor: AZUL E AMARELO
Atleta: Paula, do basquete
Filme: Sempre revejo a Cor Púrpura
Ator: Rubens Correa
Atriz: da minha geração Dora Simões e Juliana Jardim e, já consagrada, pra citar uma das que mais gosto, Regina Casé
Escola de Samba: PORTELA
Sonho: de me sustentar e dar conforto a mim e minha família por intermédio da minha arte
Palavras ao Zanzei
Ao Zanzei, na figura do Dodi, muito sucesso e minhas congratulações pela excelente idéia. Agradeço imensamente pela oportunidade de falar de mim e do meu trabalho e pela forma carinhosa como tenho sido tratado. Também por poder saber do trabalho dos meus colegas. Sorte pra todos! Grande abraço.

sábado, 12 de abril de 2008

Ana Costa conta um pouco da sua história no Zanzei.



Meu Carnaval – Ana Costa

Revelação no 5º Prêmio Rival Petrobras de Música 2006, indicada como melhor cantora de samba e melhor cantora no voto popular na 5ª edição do Prêmio Tim de Música 2007 e
Cantora do tema do Pan 2007 “Viva Essa Energia” com Arnaldo Antunes.

Cantora, instrumentista e compositora, Ana Costa desponta no mundo do samba. Sua voz está presente em Meu Carnaval, seu primeiro CD solo, lançado em março de 2006 pela Zambo Discos, com produção de Bianca Calcagni. O CD também contou com arranjos de Paulão 7 cordas e Alceu Maia. Ana Costa também acompanhou artistas de peso como Beth Carvalho, Wilson Moreira, Velha Guarda da Portela, Martinho da Vila, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Jorge Aragão, João Nogueira e Zé Kéti, entre outros.

Confira o que rolou nesse bate papo.

1- Zanzei: Como surgiu o interesse por música? E quais foram as primeiras influências?

Ana Costa: Meu interesse por musica surgiu em contato com amigos que já tocavam. O incentivo que tive de família foi um violão que me foi presenteado pela minha mãe. Mas aprendi a tocar sozinha e através daquelas antigas revistinhas de musica pra violão. Depois o contato com outros músicos foi fundamental pra minha formação.

2 - Zanzei: O que o grupo Roda representa na sua vida?

Ana Costa: Representou um momento muito importante na minha vida principalmente de auto-afirmação como sambista, aprendi muita coisa, conheci muita gente e como éramos um grupo, tivemos oportunidade de acompanhar muitos sambistas importantes: João Nogueira, Velha Guarda da Portela, Beth Carvalho, Tantinho da Mangueira, Wilson das Neves, D. Ivone Lara e tantos outros...Fizemos um trabalho verdadeiro e sei que serviu de incentivo a tantas outras meninas que hoje tocam por aí.

3 – Zanzei: Nos dias de hoje, a mulher tem mais espaço no mundo do samba?

Ana Costa: Muito mais. Temos ótimas cantoras, instrumentistas. A quinze anos atrás, pelo menos, víamos muitas mulheres em rodas cantando apenas como “apoio” pros músicos. Tem uma geração nova por aí que vive de musica,faz samba e muito bem feito.

4 – Zanzei: Como você avalia essa parceria com Zélia Duncan?

Ana Costa: Uma parceria muito bem sucedida. Zélia é fera, me ensina muita coisa. Eu a conheci através da Martnalia que é outra maravilha e todas as musicas que fizemos até agora deram muito certo. Sou fã das duas e quero estar sempre perto delas.

5 – Zanzei: Cantora, compositora e violonista. Qual desses talentos você mais gosta?

Ana Costa: Gosto de tudo mas confesso que ultimamente meu violão anda meio abandonado. Tenho cantado bastante por aí mas quero pegar mais na viola.

6 – Zanzei: O que você tem escutado ultimamente?

Ana Costa: Mônica Salmaso cantando Chico, redescobri uns sons instrumentais da década de 80 do Ricardo Silveira (guitarrista fantástico), tem o Cd novo do Moacir Luz com o Marçalzinho, Mart’nalia Ao Vivo, Marina Lima (CD TRÊS – é fantástico), Tem o Celso Fonseca que é maravilhoso e pra fechar a lista, o bom e velho NOEL ROSA.

7 – Zanzei: A mais recente conquista na sua carreira foi cantar no Pan do Brasil para mais de 90 mil pessoas. Sua experiência na música lhe ajudou naquele momento? Como foi?

Ana Costa: Ajudou e muito. Foi maravilhoso, foi muito estimulante pra minha carreira. Apesar de já ter tanto tempo fazendo o que faço, a maioria das pessoas que ali me viram nunca tinham ouvido falar de mim. E senti da comunidade do samba um carinho enorme. Era como se eu tivesse representando toda uma geração. Foi lindo.

8 – Zanzei: Qual análise você faz do seu primeiro cd solo ‘Ana Costa, Meu Carnaval’? Já pensa no próximo?

Ana Costa: Esse CD foi muito bem sucedido. Dei um salto muito grande na minha carreira ao lançá-lo. Meus 10 anos no Grupo O Roda por 1 ano e pouco de lançamento desse CD (Risos).
E não é só isso não. Esse CD foi lançado pelo selo Zambo Discos que é uma parceria minha com a Bianca Calcagni. Conseguimos distribuí-lo e atingir pontos jamais imaginados à uns 2 anos atrás. Depois dele vieram o CD da Mariana Baltar, do Galocantô, todos muito bem sucedidos também. Ta sendo uma grande conquista!
Penso num próximo CD sim mas sem pressa.

9 – Zanzei: Você esta feliz com o atual momento do Samba?

Ana Costa: Muito feliz. O samba está sendo valorizando cada vez mais seja nos bares, nas escolas de samba, nos teatros, casas de shows. O público vem crescendo e a faixa etária de admiradores do nosso samba é bastante variada. Tem samba pra todos os “bolsos” inclusive:existem os pagodes maravilhosos que são muito bem freqüentados, existe o samba nas casas de shows mais populares ou até nas mais sofisticadas, tem samba nos bares que cobram couvert super barato outros que nem tanto e assim vai.

10 – Zanzei: Depois de ter ganho ano passado o prêmio Rival de revelação, você foi indicada para melhor cantora de samba no prêmio Tim, ao lado de Alcione e Marisa Monte. Como foi esta emoção?

Ana Costa: Antes de tudo quando fiz esse CD meu objetivo principal era entrar no mercado pra ampliar meus horizontes, fazer mais show e principalmente poder mostrar mais a minha sonoridade. Daí a coisa foi andando de tal jeito que cheguei ao Premio Rival, concorri no Prêmio Tim e aí caiu a ficha!! Estar ali ao lado dessas duas divas só me fez perceber que eu tinha traçado um caminho que não tem mais volta. Alcione é a maior cantora desse Brasil na minha opinião e Marisa é o bom gosto em pessoa, tem o controle total nas produções dela além de ser uma grande cantora e com muita cultura musical e geral. E eu ali entre as duas percebi finalmente que o meu trabalho está só começando. Isso tudo serviu de incentivo pra mim e me trouxe a certeza que posso dar muito mais.

11 – Zanzei: Quais são seus próximos planos na música?

Ana Costa: Tenho planos de montar um show com musicas novas, alternando com as já divulgadas do meu CD . Final do ano começo a gravar um novo CD.

12 – Zanzei: A lapa é o reduto de grandes músicos. Como você se sente quando esta lá?

Ana Costa: Feliz e satisfeita de ver a Lapa bombando e com uma diversidade musical invejada em qualquer parte do mundo.

13 - Fale pra gente sobre:

Martinho da Vila (Seu Padrinho)
Ana Costa: MARTINHO é um cara da antiga mas é moderno, sua música é altamente sofisticada e popular ao mesmo tempo, é um cara do Brasil mas é do mundo também....enfim, sempre os dois lados. Isso já diz tudo e define a minha paixão por ele.

Mart’nália (Onde você tocou violão e cavaquinho)
Ana Costa: Parceira musical, companheira, super artista, intuitiva, alegre, boa compositora, voz “quente”. Os dois anos que fiquei na banda fui muito feliz, cresci musicalmente e artisticamente além de ter tido a oportunidade de tocar nos EUA, Europa além de ter participado do PROJETO PIXINGUINHA rodando o nordeste.

Bianca Calcagni (Produtora e Amiga)
Ana Costa: Minha grande incentivadora, melhor amiga, além de ser a minha produtora, sócia. Temos uma estória muito bonita de garra, dividimos todas as alegrias e tristezas. É um “casamento” profissional que tem dado certo a mais de 10 anos.
Ana Costa e Bianca Calcagni


Jogo Rápido

Livro: Todos de Alan Kardec (literatura Espírita)
Música: Tantinho, Memória em Verde e Rosa (já a algum tempo esse é o melhor!!)
Filme: Memórias de uma Gueixa
Instrumento: Violão
Cantora: Zélia Duncan
Cantor: Tantinho, Toni Platão
Cidade: Meu Rio de Janeiro
Time: Fluminense
Cor: Todas
Atleta: Shelda (vôlei de praia). A pequena Jade
Ator: Marco Nanini
Atriz: Marieta Severo
Escola de Samba: Vila Isabel em 1º lugar. Mangueira que é o chamego da maioria dos cariocas!!
Ídolo: Noel Rosa
Viagem: Tahiti
Sonho: Paz e entendimento entre as nações.
Site: http://www.anacosta.art.br/

Contato: contato@zambodiscos.com.br

Palavras ao Zanzei:

"Quero desejar a todos muita paz e saúde e dizer que estou muito agradecida por ter essa oportunidade de estar aqui falando um pouco de mim, da minha música, compartilhando com todos essa minha trajetória. Que a música esteja presente sempre na vida de todos que buscam o belo e a paz interior."

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Da Boca pra fora - O Samba Paulistano é marginal e vive na Boca do Lixo!

Marcus Marmello Texto


“O terceiro mundo vai explodir... quem tiver de sapato não sobra” – Rogerio Sganzela em “O Bandido da Luz Vermelha”.

Dizer que a Boca do Lixo, hoje só é referência de prostituição e comércio de eletrônicos é uma grande estupidez, fruto da ignorância a que o mundo está fadado, existe alguns que acreditam que Jornalismo se faz com um bom texto e atrás de um computador. Infelizmente o mundo virtual vicia o Jornalista ao mundo encantado da preguiça. Isso não é regra... Ok?

Senão vou receber um Kg de e-mail s de gente dodoizinha.

A Boca do lixo na década de 70 foi o pólo de cinema de São Paulo, arrebatado pela influência do cinema novo, “Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” de Glauber, surge o primeiro movimento “Punk-cinema” talvez do mundo. O cinema marginal paulistano.

Há muito mais história cultural entre as avenidas Rio Branco e Duque de Caxias no centro de São Paulo, do que pode supor qualquer filosofia. Aproximadamente 700 filmes foram produzidos na região da Boca do Lixo, nome concebido pela crônica policial da década de 70 devido a prostituição e “bate-carteiras”. Vamos dizer assim que era uma versão mais turbinada da Lapa carioca, que na década de 70 já não tinha tanta importância para a juventude “socialista e revolucionária” do pós cinema novo. Só que a Lapa não é mais marginal, a Boca sim.

Isto me fez pirar na década de 80. Filmes como Copacabana Mon Amour, Bandido da Luz Vermelha, e vários outros, se eu ficar citando aqui nome de filme eu fujo do foco. Vamos lá...

O caráter cultural do lugar nunca morreu, mesmo quando na década de 90, os caras que escrevem colunas policiais, começaram a chamar o local de “Crackolandia”. Como uma forma de marginalizar ainda mais o local, mas por incrível que pareça existe e sempre existiu uma coisa lá que pouca gente fala, cultura.

A Boca do lixo sempre foi pólo de cultura na cidade de São Paulo, tanto que hoje a Secretaria de Cultura fica ali na região da Luz.

O Problema é que São Paulo, como sempre, veste-se de consumidor de cultura e não como fomentador. O que deveria ser política de Estado vira obrigação e motivo de marginalização.

E é nesse cantinho da Boca do Lixo, precisamente na Rua General Osório que todo sábado e principalmente no último sábado do mês, que a cultura do samba, se veste de São Paulo.

Diferentemente da Vila Madalena e de Pinheiros que celebram um samba mais embrulhado com laços de fita cor de rosa, para um público de meninos e meninas encantados com o samba e que pagam (o que é bom). A Boca do Lixo celebra o samba de Raiz por gente que é de Raiz. A Boca é o reduto, é de onde nasce o samba de São Paulo e onde os sambistas do Rio têm como referência em São Paulo.

Ouvia sempre dos coroas de onde cresci (no bairro de Irajá – Rio de Janeiro) que no samba o mais importante era saber chegar pra poder sair.
Que num resumo poderia ser: Saber chegar, respeitar quem já está lá, mostrar o seu próprio valor, conquistar o seu espaço, e ainda o mais difícil, sem perder a humildade,e sair sabendo do respeito que conquistou. Isso é difícil?
Respondo a você... É.

A amizade, o respeito e principalmente a ética são fatores primordiais para um sambista. E nisto exclui-se os bairrismos babacas. Pois é através da ética que se estabelecem relacionamentos de convivência entre profissionais afins.
Uau...falei bonito, me senti doutor.
E como bom carioca paulistano que sou a cada dia que passa mais entendo o porquê da região da Santa Ifigênia ser de vital importância para a cultura paulistana e brasileira.

“Incrível Fantástico extraordinário
Crime na cidade na boca do lixo
Cadê o bicho, cadê o bicho, cadê o bicho, cadê o bicho”.

Jovelina Pérola Negra

Música: Boca do Lixo

( Reco Primavera - Mário Gogó - Marquinho Pagodeiro)

Que o samba sempre viveu à margem, isto é, que o samba é marginal... Isso é fato. Basta ver a quantidade de rádios em São Paulo ou no Rio que realmente tocam samba. E o fomento e o respeito que o samba recebe fora do período do carnaval?
“Alô Alô Presidente Adamastor
Samba não é só de enredo
meu filho! “

E dizer que a maioria dos sambistas brasileiros um dia esteve na Boca do Lixo, é a mais pura verdade. Nesta mesma década de 70, era comum você encontrar Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Originais do Samba, Jamelão, Paulinho e muitos outros, freqüentarem e até morarem temporariamente na Boca.

Até hoje em dia a Boca é um local onde todo mundo se encontra, compositores, músicos, interpretes, de todo o mundo do samba e do choro.
Nada mais à margem do que o choro.

Pedi ao Céu um remédio que possa curar... (Luverci Ernesto e Almir Guineto )
Alí na Boca que conheci Luverci Ernesto, parceiro de muitos sambas com Almir Guineto, Dedé Paraíso, e pasmem, o cara foi parceiro de Baden Powell. Teve musicas gravadas pelo Zeca, Alcione, Beth, Quinteto, e outros. Teve uma vez que ele me deu um CD com aproximadamente 60 musicas dele gravadas ainda na época do vinil por gente que hoje é grande, mas que na época estavam ali... De bobeira?
Se a gente passear pela MPB encontramos Caetano Veloso que imortalizou a região com Sampa. E principalmente por Paulo Vanzolini com Ronda.

Se eu for falar de todo mundo de samba que já esteve na Boca do Lixo o meu tempo não dá, não dá.
O Luverci, o mestre Luva, me fez ver, entender e respeitar o local.

Quem aparece...não desaparece, só morrendo.

Apesar de o local ser freqüentado por todo mundo, que baixa lá no último sábado do mês para o famosa “Rua do Samba”, evento patrocinado pelo governo do estado, durante os outros sábados a porta da loja Contemporânea na General Osório, serve como local de encontro de todo lugar do Brasil. Almir Guineto, Mazinho do Salgueiro, Esguleba, D. Inah, Wilson Moreira, Paulão, Murilão, Izaias do Bandolim, Ayrton Santa Maria, Oswaldinho da Cuíca, , Tobias da Vai Vai, , Bandeira Brasil, e de outros sempre que podem estão ali...por que será, né?

Um lugar, que acreditem o mundo inteiro freqüenta, é muito comum ver turistas na roda de choro da Contemporânea. Roda que existe graças ao Seu Miguel (que tem o título de imortal do samba)

O local serve de referência tanto para rever os amigos, para adquirir um novo instrumento, trocar informações, divulgar trabalhos, ouvir o chorinho, e aí o bicho pega. Chorão é o que não falta.
E depois de ver essa galera, esticar no boteco em frente onde o “Centro do Samba” faz uma roda de respeito, sob o comando de outro compositor e amigo, Beto Velasco. Aproveito para mandar um abraço ao Jamil, Tadeu, Ronaldo, Dodô e Cristiano, o velho Mamute. Que sempre me tratam com respeito, e que compartilham o velho telecoteco do meu tamborim.

E nestas idas e vindas, tive o prazer de conhecer um pouco da história do lugar desde que a Contemporânea era uma lojinha, onde seu Miguel fazia instrumentos de percussão e de onde nasceram sambas maravilhosos.
Se estivéssemos passeando pela Boca do Lixo, no início da década de 70, poderíamos ver além de Julio Bressane, Rogerio Sganzela, Zé do Caixão e Índio, veríamos também muita gente do samba.

Então antes de falarem que o samba está na Vila Madalena, acredito que os paulistanos e os brasileiros que gostam de samba, deveriam conferir de onde ele vem e onde ele nasce em São Paulo...
Este é o samba da Boca do Lixo.
Valeu... Fui.

Marcus Marmello
Sambista,Carioca, Paulistano e Compositor
contato@marcusmarmello.com

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Cavaquinho é com ele: Alceu Maia


Conhecido como um dos grandes ícones do Cavaquinho, Alceu Maia, participa do projeto Zanzei e vem mostrar para os amantes do instrumento um pouco da sua história, e suas opiniões sobre o cavaquinho.


"Em primeiro lugar, divulguem este projeto que é mais uma forma de divulgar a nossa música e quem trabalha com amor em prol da nossa cultura verdadeira. A mensagem que deixo é que abracemos a música (fazendo ou simplesmente curtindo) como forma de nos aproximarmos das coisas boas da vida."(Alceu Maia sobre o Zanzei)

Confira o bate papo.


1. Zanzei: Como surgiu o interesse pelo cavaquinho?

Alceu Maia: Eu comecei tocando violão. Meu irmão tinha uns amigos que estudavam e se reuniam para tocar. Eu ficava apreciando e, quando eles terminavam, eu pegava o instrumento e tentava tocar alguma coisa. Durante algum tempo participei de festivais de música em vários colégios aqui do Rio, sempre tocando violão. Em um destes festivais um dos participantes tocava cavaquinho e aquele “violãozinho” me chamou a atenção. Pedi para dar uma olhada e fiquei bastante interessado. Daí pra frente o interesse foi aumentando. Eu era amador ainda e tocava em várias festas de amigos. Como tinha um parceiro que tocava violão, passei a tocar cavaquinho nestas reuniões.

2. Zanzei: As gravações tiveram um papel decisivo na sua carreira?

Alceu Maia: Sim, fundamental. Com elas eu tive o privilégio de conviver e aprender com grandes nomes da música e me tornar amigo de muitos deles.3.

Zanzei: Gravando e acompanhando diversos cantores do Brasil e de fora. Quais os que você mais se emocionou por estar podendo acompanhar com o seu cavaco?

Alceu Maia: Cada gravação é uma emoção diferente. Já gravei com muitos e muitos artistas daqui e de outros países. Independente da qualidade da música, alguns cantores nos emocionam mais não só por causa de seu talento, mas, também, por uma questão de afinidade. Nessas inúmeras gravações a gente acaba fazendo muitos amigos e aprendendo a admirar as pessoas além do âmbito musical.

4. Zanzei: Quando começou a tocar cavaco e quais foram suas influências?

Alceu Maia: Comecei por volta dos dezessete anos, mais ou menos, nas tais festinhas das quais lhe falei antes. Quanto às influências, foram várias. Uma delas, claro, é Waldir Azevedo, pelo seu estilo, sentimento ao interpretar as músicas e como compositor. Outra referência é o Mané do Cavaco. Ele é um músico super intuitivo, mestre em solos e acompanhamentos, além de compositor de primeira.

5. Zanzei: Você tem bastante experiência no palco e no estúdio. Como o cavaco se comporta nessas situações?

Alceu Maia: Eu considero o cavaquinho como o meio campo de um time de futebol. Ele faz a ligação entre a harmonia e a percussão. Em determinados tipos de música tem que ser mais comportado, em outros, mais atrevido. Há que se ter discernimento para avaliar cada situação e atuar em cada canção de maneira adequada.

6. Zanzei: O que é mais importante para quem está começando a tocar cavaquinho?

Alceu Maia: Em primeiro lugar, você tem que gostar do instrumento de verdade. Dedicação é fundamental, portanto, esteja sempre com ele, estudando, curtindo, tocando, pesquisando. Estudar música paralelamente vai ajudar muito, mas sempre é bom praticar tirar músicas de ouvido para aguçar a percepção musical.

7. Zanzei: Como você vê a evolução do cavaco? Como instrumento e como modo de tocar.

Alceu Maia: Quanto à construção dos instrumentos, creio que mudou desde a sua forma, ao estilo e à sofisticação. Antigamente alguns eram trabalhados em madrepérola com finalidade estética e outros menos "enfeitados". Hoje as fábricas e os luthieres preocupam-se menos com a parte estética, até por uma questão de preço. Os cavaquinhos mais sofisticados atualmente, os "top de linha" são feitos com ênfase no acabamento e pensando mais na sonoridade do que na aparência. Estou falando dos "top de linha".
Existem instrumentos visando estudantes e iniciantes, com madeiras menos nobres e acabamento menos caprichado. É tal como a oferta de outros produtos, como, por exemplo, automóveis: existem os modelos populares e os luxuosos. A Giannini estará lançando na feira da música, no final deste mês, um cavaquinho da série Signature, assinado por mim, com a preocupação de atender
ao que os músicos cavaquinhistas procuram: ele prima pela afinação e pela sonoridade, bem equilibrada entre graves, médios e agudos. Quanto à forma de se tocar o instrumento eu diria que não aconteceram muitas mudanças. Estilos de acompanhamento como o do famoso Canhoto estão por aí até hoje. A maneira de Waldir Azevedo solar é exemplo paratodos. O cavaquinho tem sido usado em gêneros musicais mais recentes (como a música da bahia, os chamados pagodes modernos etc) e, por isso, tocado de um jeito diferente. Eu mesmo já gravei rocks, baladas, blues etc, com meu cavaquinho.


8. Zanzei: O choro é um estilo muito importante para a formação musical. Como você vê este estilo hoje?

Alceu Maia: Eu venho de uma época em que o choro estava esquecido pelos jovens. Formei um grupo chamado “A fina flor do samba” que acompanhava a Beth Carvalho e tocava choro de uma forma moderna (moderna para a época e até para hoje em dia). A formação era: bateria, baixo acústico, cavaquinho, violão de seis, flauta, pandeiro e surdo. Era bem diferente dos regionais tradicionais, mas com alma brasileira de choro. Esta formação nos permitia algumas liberdades em termos de arranjos e interpretações. O choro hoje já não é aquela coisa antiga e preconceituosa, é livre como o jazz. Hoje, além do repertório tradicional, a gente ouve muitas novidades nas rodas e em shows e há muitos conjuntos de choro formados por jovens. Isto é a certeza de que o gênero se fortalece a cada dia.

9 .Zanzei: Você é considerado um dos melhores cavaquinhistas de toda a história. Como você se sente com todo esse reconhecimento?

Alceu Maia: Acho que são vários e vários e me sinto orgulhoso de ser considerado um deles. Acho muito gratificante receber comentários de que fui e sou referência para jovens instrumentistas e de ter participado, mesmo que indiretamente, da formação destes músicos.

10. Zanzei: Como você está vendo o mundo do samba atualmente?

Alceu Maia: O samba é uma união de vários estilos. É uma nação com seus estados e cidades: sambas de enredo, partido alto, sambalanço, samba de raiz, o pagode tradicional, o pagode moderno (sem preconceito, por favor...) entre tantos outros. Artistas como João Nogueira, Clara Nunes, Roberto Ribeiro são reverenciados e homenageados pelos novos talentos que vão surgindo. A Lapa, por exemplo, oferece muitas opções de shows com os novatos e com os grandes mestres de sempre. Grandes nomes, como Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Martinho etc, continuam firmes e fortes. A força do samba fica clara quando nomes de outras vertentes musicais se rendem e ele e prestam
homenagens, como nos casos de Marcelo D2 e Maria Rita, por exemplo. Hoje em dia podemos ousar discordar quando se canta “samba, agoniza, mas não morre”.



Jogo Rápido

Livro: Violetas na janela (mais recente)
Cd: Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim (relançamento)
Filme: Ray (Ray Charles)
Instrumento: além do cavaquinho, violão.
Cantora: Ana Costa
Cantor: Roberto Ribeiro
Cidade: São Pedro d’aldeia
Time: Flamengo
Viagem: pelos caminhos do som...
Sonho: o fim da pirataria

Equipamento
Cavaquinhos: Do Souto, Tavares e, agora, Giannini, série Signature, Alceu Maia. É um instrumento que desenvolvemos em conjunto por cerca de dois anos e tem a sonoridade procurada pelos músicos, que é um som mais grave, encorpado. Além disso, a afinação é perfeita.
Palheta: Fender, D’ Andréa e Giannini médias.
Cordas: Cobra, da Giannini.
Afinador: Uso vários: Intelitouch e Giannini (que são fixados através de pressão) e um TU-12H, da Boss.
Captador: no Giannini uso um Biband (excelente!); nos outros Barkus Berry e Shadow e SD, todos de contato.


______ZANZEI__________

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Verônica Ferriani: Entrevista



Confira o super bate bapo que tivemos com a cantora que esta fazendo muito sucesso nas suas interpretações.
Verônica Ferriani

Zanzei: Desde a sua infância você é ligada a música? Como foi o começo?

Verônica: Sim, meus pais adoram música, se conheceram tocando violão e cantando, embora não trabalhem com isso. Com oito ou nove anos ganhei um violão de Natal e logo comecei a fazer aulas com uma professora que cantava lindamente, a Adélia Diniz. Fui descobrindo o prazer de cantar me acompanhando ao violão. Lembro muito também das rodas de violão na varanda da fazenda da minha avó, onde todos tocavam e cantavam, era uma festa. E o repertório variadíssimo, com todas aquelas canções da época da minha avó, e as regionais do interior de São Paulo, além de canções de Adoniran a Tom Jobim.
Aos 18 anos entrei na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na USP e vim morar em São Paulo, sempre achando que, como meus pais, a música seria um hobby. Mas comecei a estudar música no final da faculdade e decidi mudar de carreira. Aconteceu de uma maneira muito natural. Canto profissionalmente há quatro anos.


Zanzei Quais foram suas primeiras influências?

Verônica: Certamente meus pais, e logo após minha professora de violão. Queria cantar tão lindo quanto eles! Tem até uma passagem minha que minha mãe conta que, ao chegar da primeira aula de violão, confessei um pouco constrangida, que achava que a minha professora tinha a voz mais linda que eu conhecia, ainda mais bonita que a dela... Minhas únicas referências de criança até então eram meus pais.
Depois descobri Elis Regina e as cantoras pop americanas. Ouvia todos os tipos de música, pois ouvia muito rádio. Hoje curto o trabalho e tenho influência de muita gente.


Zanzei Você passou três anos acompanhando o violonista Chico Saraiva. Como você avalia essa parceria?

Verônica: Quem me indicou ao Chico foi à professora de canto Regina Machado. Eu nunca tinha subido num palco, e pra mim foi uma grande oportunidade estrear a carreira cantando em projetos e casas importantes, tendo de cara uma boa estrutura de trabalho. Através do Chico conheci muita gente e tive a chance de viajar bastante, ainda mais pelo destaque que ele teve naquele momento, pois tinha acabado de ganhar o Prêmio Visa (2003). A própria abertura que passei a ter no Rio de Janeiro começou através dos shows que fiz com ele lá. Mas o mais importante é que o considero um dos maiores compositores de nossa geração, e acho um privilégio cantar músicas tão lindas como as dele.

Zanzei: Nos dias de hoje, a mulher tem mais espaço no mundo da música?

Verônica: A mulher hoje tem mais espaço profissional em todos os meios. Na música, não só no palco, mas também na produção, e nos trabalhos paralelos, como criação de cenário, luz, fotografia, design gráfico.

Zanzei O que você tem escutado ultimamente?

Verônica: Quando criança ouvia aquilo que tocava em casa, por gosto dos meus pais: Chico Buarque, Tom Jobim, Elis Regina, Maria Bethânia, Roberto e Erasmo Carlos, Elizeth Cardoso, Jair Rodrigues, Beth Carvalho, Frank Sinatra, Nat King Cole, as big bands americanas e muito Beatles. Minha mãe gostava muito também de Fagner e Lulu Santos. João Nogueira, Clara Nunes, Alcione, Paulinho da Viola, Leny Andrade, Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de Ella Fitzgerald, Billie Holliday e Sarah Vaughan, só fui conhecer mesmo quando vim pra São Paulo. Continuo ouvindo tudo isso, mas de uns tempos pra cá passei a ouvir também muitos trabalhos novos. Valorizo demais a criatividade que está brotando na nossa geração. Estamos numa boa safra de músicos, compositores e cantores, talvez por ser uma fase em que é mais fácil começar lançando trabalhos independentes, aí os novos talentos afloram. Os que mais ando escutando ultimamente são: Vanessa da Mata, a caboverdeana Mayra Andrade, a inglesa Amy Winehouse, a francesa Camille e Mariza (Moçambique).

Zanzei Você é formada em Arquitetura. A música sempre falou mais alto?

Verônica: A música sempre falou alto, mas acho que também seria muito feliz como arquiteta. Continuo atenta na relação da cidade com o ser humano, nas construções e suas resoluções espaciais. Mas de fato também não conseguiria viver longe da música, é algo que faz parte de mim desde criança. Poder trabalhar fazendo música é um sonho.

Zanzei: Você é considerada uma das revelações nos últimos anos da MPB. Como você vê isso?

Verônica: Há muita coisa bacana acontecendo na cena da MBP contemporânea, me inspira ver o espaço que se abre para novos trabalhos.
Quanto a mim, me sinto privilegiada por estar podendo cantar em vários palcos, para vários públicos, e ainda por me apresentar ao lado de ídolos como Beth Carvalho, Elton Medeiros, Moska, etc. Mas há muito que construir, e sou daquelas pessoas que não tem pressa, quero é fazer bem feito.


Zanzei: Recentemente você participou da gravação do Som Brasil da Rede Globo. Como foi participar dessa homenagem ao grande Ivan Lins?

Verônica: Foi um privilégio. Fiquei bastante surpresa, já que fui convidada apesar de não ter gravado ainda meu primeiro disco. Até achava que tinha sido indicação do próprio Ivan Lins, que um mês antes assistira a um show da Gafieira São Paulo, da qual sou cantora. Mas conversando com ele nas gravações do programa, soube que ele não opinou na escolha dos diretores, e que tinha sido uma feliz coincidência. Os diretores receberam indicações do meu nome, aí conheceram meu site e assistiram ao meu material em vídeo que está disponível no youtube. A internet é muito democrática nesse sentido!
A repercussão do programa foi incrível e me deixou muito feliz!


Zanzei: Você está preparando o seu primeiro CD. O que o público pode esperar desse trabalho?

Verônica: Um trabalho comprometido acima de tudo com a música, a serviço da emoção, da comunicação com as pessoas e da cultura brasileira.


Zanzei: Como foi completar um ano de temporada da Gafieira São Paulo no Tom Jazz?

Verônica: As comemorações de um ano de temporada no Tom Jazz foram uma festa! Tivemos participações especiais de diversos expoentes da nossa geração: Cris Aflalo, Thalma de Freitas, Giana Viscardi, Mariana Aydar, Fabiana Cozza, Edu Krieger, Zé Renato e Alfredo del Penho, além de presenças e canjas especialíssimas de Carlinhos de Jesus, Laércio de Freitas e Chico César.
A Gafieira é um trabalho coletivo de músicos da nova geração, e surgiu há um ano e meio atrás. Essa temporada no Tom Jazz tem sido maravilhosa, pois é a maneira de estarmos semanalmente em contato com o público, e também de promover um espaço fixo de encontro com músicos, compositores, arranjadores e apreciadores de música e de dança. Já estiveram conosco no palco, além dos convidados do mês de aniversário, Teresa Cristina, Roberta Sá, Celso Viáfora, Vicente Barreto, Arismar Epírito Santo, Moyseis Marques, Tatiana Parra, Fábio Torres, Gisella e Pedro Paulo Malta, além de termos recebido as presenças ilustres de Ivan Lins, Emílio Santiago, Hermínio Bello de Carvalho, Nelson Ayres, Jane Duboc, Chico Pinheiro, Simoninha, João Marcelo Bôscoli, D. Inah, Eduardo Dussek, Soraya Ravenle, Sivinho Mazzuca, entre outros.




Fotos: Cláudio Kawasaki
ZanZei_____

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Verônica Ferriani no blogger Zanzei!

Que maravilha podermos contar com o trabalho sério e antenado do Zanzei nesse momento de frescor na música brasileira!______________________________Verônica Ferriani(sobre o projeto Zanzei)

Cantora profissional desde o final de 2003, Verônica Ferriani, iniciou sua carreira interpretando canções do violonista e compositor Chico Saraiva. Verônica Ferriani se dedica aos mais variados ritmos como samba, MPB e jazz. Recentemente participou da gravação do Som Brasil da Rede Globo, interpretando músicas de Ivan Lins.
Em breve todos poderão acompanhar o grande bate papo que tivemos com a cantora.
Fica aqui o famoso 'Jogo Rápido', curiosidades sobre a Verônica.

Jogo Rápido Zanzei

Livro: Ensaio sobre a Cegueira
CD: Elis e Tom
Música: April in Paris, com Ella Fitzgerald
Filme: Cinema Paradiso
Instrumento: voz
Cantora: Elis Regina
Cantor: João Nogueira
Cidade: Ribeirão Preto
Time: São Paulo, influência do meu avô
Cor: vermelho
Atleta: Fabiana Murer
Ator: Paulo Autran, inesquecível
Atriz: vou cair no óbvio: Fernanda Montenegro
Programa de TV: Friends, Sr. Brasil.
Escola de Samba: simpatizo com a Portela
Ídolo: Mahatma Gandhi
Sonho: Viajar mundo afora
Viagem: África do Sul

domingo, 13 de janeiro de 2008

Quer Zanzar? Ou melhor, quer Sambar? Então entre, a casa é sua!


Bem vindos sejam os amantes do Samba e da Cultura Brasileira!
É isso mesmo! Se você é ruim da cabeça ou doente do pé, passe para o próximo blog, esse aqui é de quem gosta de samba e de tudo que se relaciona à ele, direta ou indiretamente!
Este blog tem como objetivo, principalmente, divulgar a proposta do Site Zanzei, uma proposta inovadora sobre música. Um projeto independente, que apresenta entrevistas, novidades e lançamentos de artistas, frutos da nossa terra, da nossa cultura.

O site está em manutenção, e esta foi a forma que Dodi Teles (Site Zanzei) encontrou pra prosseguirmos com o projeto de forma paralela, mas não menos importante. Meu nome é Andréa B. de Oliveira, e estarei ao lado de Dodi e outros amigos no projeto Zanzei.

Quer zanzar? Então entre, a casa é sua...