quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Cavaquinho é com ele: Alceu Maia


Conhecido como um dos grandes ícones do Cavaquinho, Alceu Maia, participa do projeto Zanzei e vem mostrar para os amantes do instrumento um pouco da sua história, e suas opiniões sobre o cavaquinho.


"Em primeiro lugar, divulguem este projeto que é mais uma forma de divulgar a nossa música e quem trabalha com amor em prol da nossa cultura verdadeira. A mensagem que deixo é que abracemos a música (fazendo ou simplesmente curtindo) como forma de nos aproximarmos das coisas boas da vida."(Alceu Maia sobre o Zanzei)

Confira o bate papo.


1. Zanzei: Como surgiu o interesse pelo cavaquinho?

Alceu Maia: Eu comecei tocando violão. Meu irmão tinha uns amigos que estudavam e se reuniam para tocar. Eu ficava apreciando e, quando eles terminavam, eu pegava o instrumento e tentava tocar alguma coisa. Durante algum tempo participei de festivais de música em vários colégios aqui do Rio, sempre tocando violão. Em um destes festivais um dos participantes tocava cavaquinho e aquele “violãozinho” me chamou a atenção. Pedi para dar uma olhada e fiquei bastante interessado. Daí pra frente o interesse foi aumentando. Eu era amador ainda e tocava em várias festas de amigos. Como tinha um parceiro que tocava violão, passei a tocar cavaquinho nestas reuniões.

2. Zanzei: As gravações tiveram um papel decisivo na sua carreira?

Alceu Maia: Sim, fundamental. Com elas eu tive o privilégio de conviver e aprender com grandes nomes da música e me tornar amigo de muitos deles.3.

Zanzei: Gravando e acompanhando diversos cantores do Brasil e de fora. Quais os que você mais se emocionou por estar podendo acompanhar com o seu cavaco?

Alceu Maia: Cada gravação é uma emoção diferente. Já gravei com muitos e muitos artistas daqui e de outros países. Independente da qualidade da música, alguns cantores nos emocionam mais não só por causa de seu talento, mas, também, por uma questão de afinidade. Nessas inúmeras gravações a gente acaba fazendo muitos amigos e aprendendo a admirar as pessoas além do âmbito musical.

4. Zanzei: Quando começou a tocar cavaco e quais foram suas influências?

Alceu Maia: Comecei por volta dos dezessete anos, mais ou menos, nas tais festinhas das quais lhe falei antes. Quanto às influências, foram várias. Uma delas, claro, é Waldir Azevedo, pelo seu estilo, sentimento ao interpretar as músicas e como compositor. Outra referência é o Mané do Cavaco. Ele é um músico super intuitivo, mestre em solos e acompanhamentos, além de compositor de primeira.

5. Zanzei: Você tem bastante experiência no palco e no estúdio. Como o cavaco se comporta nessas situações?

Alceu Maia: Eu considero o cavaquinho como o meio campo de um time de futebol. Ele faz a ligação entre a harmonia e a percussão. Em determinados tipos de música tem que ser mais comportado, em outros, mais atrevido. Há que se ter discernimento para avaliar cada situação e atuar em cada canção de maneira adequada.

6. Zanzei: O que é mais importante para quem está começando a tocar cavaquinho?

Alceu Maia: Em primeiro lugar, você tem que gostar do instrumento de verdade. Dedicação é fundamental, portanto, esteja sempre com ele, estudando, curtindo, tocando, pesquisando. Estudar música paralelamente vai ajudar muito, mas sempre é bom praticar tirar músicas de ouvido para aguçar a percepção musical.

7. Zanzei: Como você vê a evolução do cavaco? Como instrumento e como modo de tocar.

Alceu Maia: Quanto à construção dos instrumentos, creio que mudou desde a sua forma, ao estilo e à sofisticação. Antigamente alguns eram trabalhados em madrepérola com finalidade estética e outros menos "enfeitados". Hoje as fábricas e os luthieres preocupam-se menos com a parte estética, até por uma questão de preço. Os cavaquinhos mais sofisticados atualmente, os "top de linha" são feitos com ênfase no acabamento e pensando mais na sonoridade do que na aparência. Estou falando dos "top de linha".
Existem instrumentos visando estudantes e iniciantes, com madeiras menos nobres e acabamento menos caprichado. É tal como a oferta de outros produtos, como, por exemplo, automóveis: existem os modelos populares e os luxuosos. A Giannini estará lançando na feira da música, no final deste mês, um cavaquinho da série Signature, assinado por mim, com a preocupação de atender
ao que os músicos cavaquinhistas procuram: ele prima pela afinação e pela sonoridade, bem equilibrada entre graves, médios e agudos. Quanto à forma de se tocar o instrumento eu diria que não aconteceram muitas mudanças. Estilos de acompanhamento como o do famoso Canhoto estão por aí até hoje. A maneira de Waldir Azevedo solar é exemplo paratodos. O cavaquinho tem sido usado em gêneros musicais mais recentes (como a música da bahia, os chamados pagodes modernos etc) e, por isso, tocado de um jeito diferente. Eu mesmo já gravei rocks, baladas, blues etc, com meu cavaquinho.


8. Zanzei: O choro é um estilo muito importante para a formação musical. Como você vê este estilo hoje?

Alceu Maia: Eu venho de uma época em que o choro estava esquecido pelos jovens. Formei um grupo chamado “A fina flor do samba” que acompanhava a Beth Carvalho e tocava choro de uma forma moderna (moderna para a época e até para hoje em dia). A formação era: bateria, baixo acústico, cavaquinho, violão de seis, flauta, pandeiro e surdo. Era bem diferente dos regionais tradicionais, mas com alma brasileira de choro. Esta formação nos permitia algumas liberdades em termos de arranjos e interpretações. O choro hoje já não é aquela coisa antiga e preconceituosa, é livre como o jazz. Hoje, além do repertório tradicional, a gente ouve muitas novidades nas rodas e em shows e há muitos conjuntos de choro formados por jovens. Isto é a certeza de que o gênero se fortalece a cada dia.

9 .Zanzei: Você é considerado um dos melhores cavaquinhistas de toda a história. Como você se sente com todo esse reconhecimento?

Alceu Maia: Acho que são vários e vários e me sinto orgulhoso de ser considerado um deles. Acho muito gratificante receber comentários de que fui e sou referência para jovens instrumentistas e de ter participado, mesmo que indiretamente, da formação destes músicos.

10. Zanzei: Como você está vendo o mundo do samba atualmente?

Alceu Maia: O samba é uma união de vários estilos. É uma nação com seus estados e cidades: sambas de enredo, partido alto, sambalanço, samba de raiz, o pagode tradicional, o pagode moderno (sem preconceito, por favor...) entre tantos outros. Artistas como João Nogueira, Clara Nunes, Roberto Ribeiro são reverenciados e homenageados pelos novos talentos que vão surgindo. A Lapa, por exemplo, oferece muitas opções de shows com os novatos e com os grandes mestres de sempre. Grandes nomes, como Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Martinho etc, continuam firmes e fortes. A força do samba fica clara quando nomes de outras vertentes musicais se rendem e ele e prestam
homenagens, como nos casos de Marcelo D2 e Maria Rita, por exemplo. Hoje em dia podemos ousar discordar quando se canta “samba, agoniza, mas não morre”.



Jogo Rápido

Livro: Violetas na janela (mais recente)
Cd: Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim (relançamento)
Filme: Ray (Ray Charles)
Instrumento: além do cavaquinho, violão.
Cantora: Ana Costa
Cantor: Roberto Ribeiro
Cidade: São Pedro d’aldeia
Time: Flamengo
Viagem: pelos caminhos do som...
Sonho: o fim da pirataria

Equipamento
Cavaquinhos: Do Souto, Tavares e, agora, Giannini, série Signature, Alceu Maia. É um instrumento que desenvolvemos em conjunto por cerca de dois anos e tem a sonoridade procurada pelos músicos, que é um som mais grave, encorpado. Além disso, a afinação é perfeita.
Palheta: Fender, D’ Andréa e Giannini médias.
Cordas: Cobra, da Giannini.
Afinador: Uso vários: Intelitouch e Giannini (que são fixados através de pressão) e um TU-12H, da Boss.
Captador: no Giannini uso um Biband (excelente!); nos outros Barkus Berry e Shadow e SD, todos de contato.


______ZANZEI__________

5 comentários:

Claudinha Telles disse...

Alceu, além de músico extraordinário, arranjador e produtor maravilhoso é um amigo daqueles pra guardar no coração eternamente.
Sou fã desse menino.

Claudia Telles

João M. Martins disse...

Parabéns pelo blog!
Tá nota 10
Sou fã e amigo do Alceu!
Um abraço e sucesso sempre!
www.sambajoaomartins.blogspot.com

Unknown disse...

Sou seu fã parceiro, amo o cavaco e me tira uma dúvida, vc acha a fishman uma boa captação?

Unknown disse...

OU Ã DESSE LOKO
DESDE DE QUE NASCI
ANTES DE CONHECER O CAVACO CONHEÇO ALCEU DO CAVACO HEHEH
DO CAVACO NADA
O CAVACO QUE É DO ALCEU QUEM DOMINA É ELE
O MEU REI
TIVE O PRAZER DE SER PRODUZIDO POR ESSE MESTRE DA MÚSICA MUNDIAL
VÍ DE PERTO ESSAS MÃOS MÁGICAS E AINDA ENCOSTEI NELAS É MOLE
APERTEI A MÃO DO ALCEU
PEGUEI UM POUQUINHO DESSE TALENTO RSRSRSRSRSDS
ABRAÇAO CAR TE AMO MUITO
DEUSTE ABENÇOE(NEY DO CAVACO-PETRÓPOLIS)

Unknown disse...

AO mestre Alceu maia um grande abraço
sou fã desse montro sagrado da musica popular brasileira .tambem sou cavaquinista e me inspiro muito vendo o alceu custurar em escalas de emprovisso no samba da gamboa aonde o samba é de bamba.


edinho4cordas.
itu-sp