sábado, 3 de maio de 2008

Lucio Sanfilippo. Disco novo previsto para setembro de 2008"



1.Desde a infância você era ligado à música?

Sim. Meu avô Lucio Sanfilippo tocava tarantelas ao acordeão. Meu tio Remo tocava guitarra e violão. Fora isso, meu pai sempre ouviu muita música desde que eu era pequeno: Clara Nunes, todos os discos do Roberto Carlos, dos Festivais de San Remo da Itália, tarantelas, Cláudio Villa, Aurelio Fierro, as coleções de compositores que se vendiam nas bancas de jornal, como Ataulfo Alves, Chico Buarque, Luiz Gonzaga e também muita Gal Costa, Caetano Veloso e trilhas das novelas da Globo, que eram maravilhosas.


2.Como surgiu a idéia de gravar o primeiro disco?

Eu, muito honrado, tinha recebido um convite pra gravar as músicas do Lenildo Gomes (bandolinista do excelente Dobrando a Esquina) e do Luiz Flávio Alcofra (violonista do Água de Moringa) num disco lindo chamado Cordel da Fitas, que contou tb com a presença da Clarice Magalhães (pandeirista do Choro na Feira) e que saiu em 2001. Fiquei com vontade de gravar outro mais autoral com as minhas músicas e com as músicas da minha infância e dos compositores de que gosto. A Ana (Costa) e o João (Hermeto) toparam a idéia e demos corpo ao projeto.


3.Como você avalia o seu primeiro CD Canções de amor ao Leo?

Eu, sem falsa modéstia nenhuma, acho meu disco um dos melhores que já ouvi. A Ana Costa e o Joãozinho Hermeto arrebentaram nos arranjos e tb tocando, e os músicos são todos maravilhosos. Tem Lia de Itamaracá, Tia Maria do Jongo, Coco de Umbigada de Guadalupe-PE, Razões Africanas (Dely Monteiro, Lazir Sinval, Luiza Marmello, Anderson Vilmar, Marcello Mattos e o Joãozinho), Bianca e Dedé Alves, na época, do O Roda e músicos do naipe de Dani Spielmann, Nicolas Krassic e Nilze Carvalho. Um repertório mais do que brasileiro, mostrando toda a beleza de ritmos como jongo, coco, afoxé, ciranda, maxixe, com compositores excelentes. Enfim, um disco lindo em todos os aspectos. Pena a pouca divulgação. Tem sites que descobriram o disco (lançado há dois anos) somente agora e fizeram críticas excelentes. Eu vendi quase que de mão em mão entre 1500 e 2000 CDS.


4.Quais são as suas influencias?

Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Djavan, Marisa Monte, Orlando Silva, Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso, Paula Toller, Elis Regina, Ciro Monteiro, Clara Nunes, Claudio Villa, Beniamino Gigli, Aurelio Fierro e tantos outros... Hoje ouço muito Moyséis Marques e Marcos Sacramento. Também tenho influência imensa dos ritmos brasileiros da cultura popular, do candomblé e do folclore.


5.Quais seus planos para 2008?

Lanço meu disco no segundo semestre e também lanço este ano meu livro para-didático sobre interdisciplinaridade e cultura popular. Vou tentar fazer com que os dois ocorram simultaneamente. Também vamos gravar o disco do Razões Africanas e vou fazer mais dois desfiles do Galinha d’Angola, dia 13 de maio e dia 20 de novembro, pelo menos.


6. O que o público pode esperar do seu próximo CD?

A minha gravadora ZAMBO DISCOS me fez o convite pra fazer um novo disco este ano. Lanço então, em setembro, cd de inéditas minhas e de compositores amigos e maravilhosos com muito samba, jongo, maracatu, coco, marcha-rancho, afoxé... Que é realmente a minha praia. Participações especiais confirmadas de Tia Maria do Jongo, Razões Africanas (Dely Monteiro, Lazir Sinval e Luiza Marmello + Marcello Mattos e Anderson Vilmar) e Roberta Nistra. Arranjos de Marcelo Menezes e Ana Costa.


7. O grupo Razões Africanas trabalha em cima de diversos ritmos como: Jongo e Afoxé. Você acha que a cultura afro deveria ser mais divulgada no Brasil?

Acho que tem que ser mais divulgada sim, por isso vou lançar este livro e colaboro, agora como voluntário, com o LCPF/UERJ, um laboratório de folclore e cultura popular dentro da universidade publica, coordenado pela professora doutora Zezé do Folclore. Ministro oficinas de danças populares e vou lançar este cd novo valorizando sempre a nossa cultura. Fora o trabalho com o Razões Africanas que me dá esse prazer imenso (pretendemos gravar um disco ainda este ano tb) ainda participo de um coral que canta em línguas africanas coordenado pela minha Mãe Pequena, a Ialê Lucinha Pessoa e fundamos tb o bloco afro Galinha d’Angola, o “Vai Conquém?”


8. No seu disco podemos observar muitas influencias, estilos variados. Como você define a sua música?

Eu a defino como música brasileira. Porque é resultado da mistura das minhas influências que são negras, brancas e indígenas em sua mais alta e forte essência. Mas há quem o classifique de regional. Acho lindo, de qualquer forma (risos).


9. Uma de suas paixões é o Candomblé. Como você vê a religião nos dias de hoje?

Eu sou um apaixonado pela minha religião. Amo os orixás, o meu orixá, o meu pai de santo, minha mãe pequena, meus irmãos. Somos uma família. Sei que existe um monte de gente que entra na religião perdido ou só pra aparecer. E sei também que tem um monte de mau caráter aí usando o nome do candomblé pra fazer suas falcatruas. Mas mau caráter tem em qualquer lugar. Religião - sempre foi muito claro na minha cabeça - é pra se encontrar, se religar com o divino, difundir o amor, que é a coisa mais importante do mundo. Mas cada um tem um caminho religioso, dentro ou fora do candomblé. Sigo meu caminho, orientado pelo meu zelador, pelo meu orixá e pela minha consciência que, por sua vez, é guiada pelo amor. Aprendi cedo com minha mãe e passo pro meu filho que temos que fazer nossa parte, ser bons, que temos que amar que temos que trabalhar pagar nossas contas em dia e levar a vida com bom humor, respeito e felicidade. Se você perguntar pro meu filho Leonardo qual é a coisa mais importante do mundo, ele vai responder que é o amor, porque reforço isso a cada dia. Acabamos de perder Ia Nitinha, matriarca do Engenho Velho e da nação Ketu no Brasil, segunda pessoa da Casa Branca, o terreiro de candomblé mais velho do Brasil e minha avó de santo. Com ela vão muita sabedoria e muita disciplina religiosa. Ficamos nós com a responsabilidade de manter em alta conta a nossa religião e o nome de nosso Axé Ia Nasso Oka com muito amor, dignidade e força!


10. O que você tem escutado ultimamente?

Moyséis Marques, Edu Krieger, Roberta Sá, Marcos Sacramento, Gal Costa, Simone Guimarães, Vanessa da Mata (estou apaixonado por Carta e a Força que nunca seca), Adryana BB, Gonzaguinha, Marcelo Menezes e um disco chamado Alumeia - O Cerrado que a Velha Canta maravilhoso. Passei tudo pro meu mp4 e ouço no carro e quando estou correndo malhando. Meu dia é sempre cheio de música.
Jogo Rápido

Livro: KITABU, NEY LOPES E GALINHA D’ANGOLA (José Flávio Pessoa de Barros, Arno Vogel e Marco Antônio da Silva Mello
CD: Tenho ouvido os do Krieger, do Moyséis e da Roberta Sá. Adoro Plural e Gal, da década de 90 da Gal Costa
Música: CARTA (Vanessa da Mata)
Compositor: pra citar 3 dos que mais gosto, Mauro Duarte, Délcio Carvalho e Wilson moreira e dos novos, Pedro Holanda, Edu Krieger e Moyséis Marques
Instrumento: Violão, principalmente tocado pelo Marcelo Menezes
Cantora: GAL COSTA, Aracy de Almeida e as Meninas da Serrinha (Lazir Luiza e Dely) das novas, Elisa Addor, Patrícia Oliveira e Roberta Nistra Cantor: Caetano Veloso, Moyséis Marques e Marcos Sacramento
Show: O Sorriso do Gato de Alice
Cidade: Rio de Janeiro
Time: FLUZÃO
Cor: AZUL E AMARELO
Atleta: Paula, do basquete
Filme: Sempre revejo a Cor Púrpura
Ator: Rubens Correa
Atriz: da minha geração Dora Simões e Juliana Jardim e, já consagrada, pra citar uma das que mais gosto, Regina Casé
Escola de Samba: PORTELA
Sonho: de me sustentar e dar conforto a mim e minha família por intermédio da minha arte
Palavras ao Zanzei
Ao Zanzei, na figura do Dodi, muito sucesso e minhas congratulações pela excelente idéia. Agradeço imensamente pela oportunidade de falar de mim e do meu trabalho e pela forma carinhosa como tenho sido tratado. Também por poder saber do trabalho dos meus colegas. Sorte pra todos! Grande abraço.