terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Verônica Ferriani: Entrevista



Confira o super bate bapo que tivemos com a cantora que esta fazendo muito sucesso nas suas interpretações.
Verônica Ferriani

Zanzei: Desde a sua infância você é ligada a música? Como foi o começo?

Verônica: Sim, meus pais adoram música, se conheceram tocando violão e cantando, embora não trabalhem com isso. Com oito ou nove anos ganhei um violão de Natal e logo comecei a fazer aulas com uma professora que cantava lindamente, a Adélia Diniz. Fui descobrindo o prazer de cantar me acompanhando ao violão. Lembro muito também das rodas de violão na varanda da fazenda da minha avó, onde todos tocavam e cantavam, era uma festa. E o repertório variadíssimo, com todas aquelas canções da época da minha avó, e as regionais do interior de São Paulo, além de canções de Adoniran a Tom Jobim.
Aos 18 anos entrei na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na USP e vim morar em São Paulo, sempre achando que, como meus pais, a música seria um hobby. Mas comecei a estudar música no final da faculdade e decidi mudar de carreira. Aconteceu de uma maneira muito natural. Canto profissionalmente há quatro anos.


Zanzei Quais foram suas primeiras influências?

Verônica: Certamente meus pais, e logo após minha professora de violão. Queria cantar tão lindo quanto eles! Tem até uma passagem minha que minha mãe conta que, ao chegar da primeira aula de violão, confessei um pouco constrangida, que achava que a minha professora tinha a voz mais linda que eu conhecia, ainda mais bonita que a dela... Minhas únicas referências de criança até então eram meus pais.
Depois descobri Elis Regina e as cantoras pop americanas. Ouvia todos os tipos de música, pois ouvia muito rádio. Hoje curto o trabalho e tenho influência de muita gente.


Zanzei Você passou três anos acompanhando o violonista Chico Saraiva. Como você avalia essa parceria?

Verônica: Quem me indicou ao Chico foi à professora de canto Regina Machado. Eu nunca tinha subido num palco, e pra mim foi uma grande oportunidade estrear a carreira cantando em projetos e casas importantes, tendo de cara uma boa estrutura de trabalho. Através do Chico conheci muita gente e tive a chance de viajar bastante, ainda mais pelo destaque que ele teve naquele momento, pois tinha acabado de ganhar o Prêmio Visa (2003). A própria abertura que passei a ter no Rio de Janeiro começou através dos shows que fiz com ele lá. Mas o mais importante é que o considero um dos maiores compositores de nossa geração, e acho um privilégio cantar músicas tão lindas como as dele.

Zanzei: Nos dias de hoje, a mulher tem mais espaço no mundo da música?

Verônica: A mulher hoje tem mais espaço profissional em todos os meios. Na música, não só no palco, mas também na produção, e nos trabalhos paralelos, como criação de cenário, luz, fotografia, design gráfico.

Zanzei O que você tem escutado ultimamente?

Verônica: Quando criança ouvia aquilo que tocava em casa, por gosto dos meus pais: Chico Buarque, Tom Jobim, Elis Regina, Maria Bethânia, Roberto e Erasmo Carlos, Elizeth Cardoso, Jair Rodrigues, Beth Carvalho, Frank Sinatra, Nat King Cole, as big bands americanas e muito Beatles. Minha mãe gostava muito também de Fagner e Lulu Santos. João Nogueira, Clara Nunes, Alcione, Paulinho da Viola, Leny Andrade, Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de Ella Fitzgerald, Billie Holliday e Sarah Vaughan, só fui conhecer mesmo quando vim pra São Paulo. Continuo ouvindo tudo isso, mas de uns tempos pra cá passei a ouvir também muitos trabalhos novos. Valorizo demais a criatividade que está brotando na nossa geração. Estamos numa boa safra de músicos, compositores e cantores, talvez por ser uma fase em que é mais fácil começar lançando trabalhos independentes, aí os novos talentos afloram. Os que mais ando escutando ultimamente são: Vanessa da Mata, a caboverdeana Mayra Andrade, a inglesa Amy Winehouse, a francesa Camille e Mariza (Moçambique).

Zanzei Você é formada em Arquitetura. A música sempre falou mais alto?

Verônica: A música sempre falou alto, mas acho que também seria muito feliz como arquiteta. Continuo atenta na relação da cidade com o ser humano, nas construções e suas resoluções espaciais. Mas de fato também não conseguiria viver longe da música, é algo que faz parte de mim desde criança. Poder trabalhar fazendo música é um sonho.

Zanzei: Você é considerada uma das revelações nos últimos anos da MPB. Como você vê isso?

Verônica: Há muita coisa bacana acontecendo na cena da MBP contemporânea, me inspira ver o espaço que se abre para novos trabalhos.
Quanto a mim, me sinto privilegiada por estar podendo cantar em vários palcos, para vários públicos, e ainda por me apresentar ao lado de ídolos como Beth Carvalho, Elton Medeiros, Moska, etc. Mas há muito que construir, e sou daquelas pessoas que não tem pressa, quero é fazer bem feito.


Zanzei: Recentemente você participou da gravação do Som Brasil da Rede Globo. Como foi participar dessa homenagem ao grande Ivan Lins?

Verônica: Foi um privilégio. Fiquei bastante surpresa, já que fui convidada apesar de não ter gravado ainda meu primeiro disco. Até achava que tinha sido indicação do próprio Ivan Lins, que um mês antes assistira a um show da Gafieira São Paulo, da qual sou cantora. Mas conversando com ele nas gravações do programa, soube que ele não opinou na escolha dos diretores, e que tinha sido uma feliz coincidência. Os diretores receberam indicações do meu nome, aí conheceram meu site e assistiram ao meu material em vídeo que está disponível no youtube. A internet é muito democrática nesse sentido!
A repercussão do programa foi incrível e me deixou muito feliz!


Zanzei: Você está preparando o seu primeiro CD. O que o público pode esperar desse trabalho?

Verônica: Um trabalho comprometido acima de tudo com a música, a serviço da emoção, da comunicação com as pessoas e da cultura brasileira.


Zanzei: Como foi completar um ano de temporada da Gafieira São Paulo no Tom Jazz?

Verônica: As comemorações de um ano de temporada no Tom Jazz foram uma festa! Tivemos participações especiais de diversos expoentes da nossa geração: Cris Aflalo, Thalma de Freitas, Giana Viscardi, Mariana Aydar, Fabiana Cozza, Edu Krieger, Zé Renato e Alfredo del Penho, além de presenças e canjas especialíssimas de Carlinhos de Jesus, Laércio de Freitas e Chico César.
A Gafieira é um trabalho coletivo de músicos da nova geração, e surgiu há um ano e meio atrás. Essa temporada no Tom Jazz tem sido maravilhosa, pois é a maneira de estarmos semanalmente em contato com o público, e também de promover um espaço fixo de encontro com músicos, compositores, arranjadores e apreciadores de música e de dança. Já estiveram conosco no palco, além dos convidados do mês de aniversário, Teresa Cristina, Roberta Sá, Celso Viáfora, Vicente Barreto, Arismar Epírito Santo, Moyseis Marques, Tatiana Parra, Fábio Torres, Gisella e Pedro Paulo Malta, além de termos recebido as presenças ilustres de Ivan Lins, Emílio Santiago, Hermínio Bello de Carvalho, Nelson Ayres, Jane Duboc, Chico Pinheiro, Simoninha, João Marcelo Bôscoli, D. Inah, Eduardo Dussek, Soraya Ravenle, Sivinho Mazzuca, entre outros.




Fotos: Cláudio Kawasaki
ZanZei_____

6 comentários:

Anônimo disse...

Estou ansioso por ouvir o CD da Verônica Ferriani que será lançado. Parabéns pelo blog Zanzei. É muito importanto divulgar esses novos trabalhos da música brasileira. Palavra de quem também se dedica a isso publicando o blog "Geração Supernova"

www.geracaosupernova.blogspot.com

Zózimo Trabuco

Unknown disse...

Com certeza também estou ansioso pelo CD, mas ao mesmo tempo bastante paciente na espera, pois sei o quanto a Verônica é perfeccionista e esse tempo de produção com certeza está sendo bem utilizado para nos trazer um trabalho com a melhor qualidade possível.
Parabéns pela entrevista e pelo site!

Uakari disse...

Parabéns. Você faz um grande favor à cultura brasileira ao divulgar a gente que faz a nova geração. Após morar no exterior, é triste ver que o estrangeiro curte mais a música brasileira do que o próprio brasileiro.

Dimi Zumquê disse...

A Verônica se mostra talentosa, confiante, paciente e ciente da importância da família e amigos. Belo exemplo, sucesso!

Rodrigo Santiago disse...

Excelente entrevista :)
A Verônica tem uma formação musical ótima. Pudera todos terem de berço o que ela teve!

Adélia disse...

Me lembro exatamente quando a Flávia, mãe da Verônica, me ligou para que a Verônica tivesse aulas de violão comigo e eu disse não, porque não dava aulas pra essa idade, mas sim só com uns 12 anos. A Flávia insistiu muito e disse que a Verônica era especial e que queria que ela tivesse aulas comigo, me convenceu e veio a Verônica, uma menininha linda. Começamos a 1ª aula e de cara já me surpreendi com a facilidade que ela teve para tocar, com a voz, afinação e bom gosto musical. 2ª aula ela chegou tocando e cantando, o que eu havia passado na aula anterior, de uma maneira além de especial e corretamente. Aí já comecei a cantar e pedi pra que ela cantasse comigo, fiquei impressionada, ela além de cantar muito bem, conhecia tudo da boa MPB. Ela foi se revelando a cada aula, aprendendo tudo com muita facilidade... Me lembro o dia que ela chegou e me disse que havia tirado uma música e começou a tocar e cantar “Marambaia” “Eu tenho uma casinha lá na Marambaia...” eu fiquei boba, que gracinha, que ginga... A Verônica me marcou pra sempre, nunca vou esquecer dessa época.
GRANDE VERÔNICA, GRANDE CANTORA, GRANDE GOSTO MUSICAL, MEU CARINHO E MINHA TORCIDA POR ELA TAMBÉM É MUITO GRANDE.