E a vaca tossiu! Seis amigos que se juntam, em Salvador, para fazer um som que passa longe do Axé, tinha tudo para dar errado. Mas a irreverência e o talento de Véu Pater (vocais, violão e flauta), Cláudio Lima (bateria), Eduardo Karranka (guitarra), Pedro Fulgêncio (teclados), Fábio Abu (percussão) e Dudare Wriwrai (baixo) conquistou o público baiano e vem ganhando espaço em solo carioca.
Com o cd “Cof Damu” recentemente lançado pelo selo Som Livre Apresenta, a banda, que se mudou para o Rio de Janeiro, foi descoberta pela Internet. E o que eles achavam ser um trote, foi a realização do projeto que muitos artistas buscam, o apoio para o lançamento de seu trabalho.
Com a agenda de shows cada vez mais movimentada, a Cof se apresenta na Nuth no dia 16 de setembro, no projeto Oi Novo Som.
Conversei com a banda sobre sua trajetória e novos projetos. Divirta-se!
Com o cd “Cof Damu” recentemente lançado pelo selo Som Livre Apresenta, a banda, que se mudou para o Rio de Janeiro, foi descoberta pela Internet. E o que eles achavam ser um trote, foi a realização do projeto que muitos artistas buscam, o apoio para o lançamento de seu trabalho.
Com a agenda de shows cada vez mais movimentada, a Cof se apresenta na Nuth no dia 16 de setembro, no projeto Oi Novo Som.
Conversei com a banda sobre sua trajetória e novos projetos. Divirta-se!
Carol: A música sempre esteve presente na vida de vocês? Como foi que a banda começou?
[CLÁUDIO] A música sempre fez parte das nossas vidas, nos encontramos por causa dela. Eu já tocava com Verônica numa outra banda. Quando o grupo acabou, ela e Pedro pensaram em montar um novo projeto. Pedro convidou Dudare (que tocava junto com ele na Vinil 69) e, durante a gravação do cd, chamou Abu (que estudava com ele). Pessoas saíram, pessoas entraram, até termos a formação de hoje, com Karranka na guitarra.
Carol: O nome “Cof Damu” vem da expressão “nem que a vaca tussa”. Como surgiu a idéia para esse nome?
[DUDARE] “Há controvérsias” (risos). As pessoas que acompanham nosso trabalho e a imprensa já deram tantas versões para a origem do nome da banda que a gente até já esqueceu da história original. Brincadeira... A gente queria algo diferente pro nome e como estávamos fazendo um som que não tinha nada a ver com o axé, pensamos: “nem que a vaca tussa esse som vai dar certo aqui”. Aí brincamos com as palavras e deu nisso – rs. Resumindo: Cof (tosse) Damu (da vaca).
Carol: Qual a importância da Internet na divulgação do trabalho de vocês?
[PEDRO] A Internet tem um papel fundamental na divulgação do nosso trabalho. Se não fosse por ela, talvez não estivéssemos respondendo esta entrevista agora. Temos uma ferramenta riquíssima ao alcance dos dedos e procuramos explorar o potencial que ela tem para oferecer. Estamos falando de uma mídia praticamente gratuita, onde todos podem disponibilizar seu trabalho. A Internet é de suma importância, não apenas pra gente, mas para o processo de democratização da cultura, de modo geral.
Carol: Como é, para vocês, terem o cd lançado pelo selo Som Livre Apresenta? Como surgiu o convite para gravar esse cd?
[FÁBIO ABU] Disponibilizamos nossas músicas no site Palco mp3, o pessoal do selo encontrou nossa página e entrou em contato conosco. Até achamos que era trote (risos). Pouco tempo depois formalizamos o contrato e lançamos nosso disco, que já estava gravado e foi remixado e remasterizado nos estúdios da gravadora. O Som Livre Apresenta desenvolve um trabalho muito bacana, de parceria com as bandas do seu casting. Às vezes as pessoas confundem, acham que matriz injeta rios de dinheiro nos artistas do selo, mas não é verdade. Contamos com um apoio do selo, mas não deixamos de ser independentes. Fazemos tudo entre nós mesmos; da divulgação do nosso trabalho até as negociações de shows.
Carol: A Bahia é vista como um lugar que só lança artistas de Axé. Como é para vocês, uma banda baiana, fugir desse estereótipo? Quais são os desafios para se conseguir um espaço em um lugar tradicionalmente ligado ao Axé?
[KARRANKA] Fugir do estereótipo não é difícil, complicado mesmo é sobreviver com o diferente (risos). Não há mercado em Salvador para o tipo de música que fazemos. A indústria da música na Bahia prefere investir numa receita onde não fazemos parte dos ingredientes (risos). Mas existem exceções e iniciativas louváveis também, assim como existe um público que alimenta essas ações.
Carol: A Cof Damu já foi comparada com os Novos Baianos, grupo que fez grande sucesso na década de 70. Como vocês encaram essa comparação? Existe alguma influência dos Novos Baianos na música que vocês fazem?
[VÉU] A comparação chega a ser uma honra pra gente. Todos nós, sem exceção, admiramos o trabalho dos Novos Baianos. Mas não conseguimos identificar grandes semelhanças com a sonoridade das nossas músicas. Parecido mesmo, está sendo o trajeto: somos 6 baianos morando juntos no Rio de Janeiro, acabamos de lançar nosso disco por um selo da Somlivre, vivemos num esquema meio “comunidade” (risos). Acreditamos que a comparação está mais ligada ao conceito, do que à forma.
Carol: Todas as músicas presentes no cd de estréia da banda são da vocalista Véu Paternostro. Véu, como é o seu processo de composição? Que temas você costuma abordar nas suas músicas?
[VÉU] É bem natural. As idéias fluem na cabeça e eu só faço executar. As letras são variadas, mas nesse cd, em particular, as relações humanas foi a principal temática. As faixas falam de um simples relacionamento afetivo (como Grãos), até a preocupação com o trabalho escravo (como Caprichos).
Carol: Falem sobre a experiência de estarem morando no Rio de Janeiro. Como vocês estão sentindo a recepção do público carioca? O que vocês já incorporaram da música carioca?
[FABIO] A experiência está sendo, no mínimo, diferente. Pelo menos no começo, foi. Eram 7 pessoas morando em um apartamento de 2 quartos. com seus instrumentos e pertences pessoais. Então, foi massa!!! Mas o importante de estar morando no Rio é estar conectado e se conectando; e também estar sendo conectado, com o que está acontecendo com o resto do país e do mundo. Morando em Salvador você fica um pouco cercado pelo mercado cultural local, o que faz com que você não expanda seus horizontes.
Explicando, a cultura e a arte são o motriz das revoluções/mudanças sociais. A música do momento é o reflexo do que está acontecendo no mundo, não apenas nas letras mas principalmente no conceito sonoro da música, na emoção. As turnês nacionais maiores, e principalmente as internacionais, não passam nem perto de Salvador. Sendo assim, fica-se sabendo do que está acontecendo, mas, falando de uma forma mais profunda, a sensação de estar participando do acontecimento é quase nula. É como um expectador que apenas observa, quer fazer parte e não consegue (a Internet pavimentou um pouco esta estrada, mas um pouco; ter visto a queda do muro de Berlim pela TV, por exemplo, foi bem diferente do que ter estado lá com seu martelinho na mão).
Então, respondendo a pergunta, morar no Rio é exatamente o inverso do escrito acima. É estar presente.
Carol: Quais são os planos da banda, agora que estão morando no Rio? O que podemos esperar da Cof Damu daqui para frente?
[PEDRO] Queremos continuar trabalhando muito, divulgando nosso trabalho e tocando pra um número cada vez maior de pessoas. Achamos que se fazemos uma coisa com o coração, e colocamos nossa alma nisso, as chances de dar errado diminuem (risos). Daqui pra frente, queremos nos cercar de muita energia positiva e de pessoas que queiram crescer junto com a gente. A cada pessoa nova que vem falar conosco depois dos shows, sentimos que a banda ganha um novo integrante. O feedback e o apoio do público são muito importantes pra gente.
JOGO RÁPIDO:
Livro: [Véu] O Tao da Física - Fritjof Capra [Abu] Tuareg - Alberto Vazquez-Figueroa [Dudare] Histórias de Amor – Rubem Fonseca [Cláudio] História da Riqueza do Homem - Leo Huberman [Karranka] Armas, Germes e Aço. Os destinos das Sociedades
CD: [Véu] Le Fil - Camille Dalmais [Abu] Baiano de Os Novos Caetanos [Dudare] Let There Be Rock – AC/DC [Cláudio] Crash – Dave Matthews Band [Karranka] Acabou Chorare - Novos Baianos
Música: [Véu] Sweet Lullaby – Deep Forest [Abu] Ocean Size - Jane's Addiction [Dudare] Ten Years Gone – Led Zeppelin [Cláudio] Nineteen Days – Gavin Harrison [Karranka] Eleanor Rigby
Compositor: [Véu] Nitin Sawhney [Abu] Luiz Gonzaga [Dudare] Raul Seixas (transformou todos os livros em músicas) [Cláudio] Chico Buarque [Karranka] Raul Seixas
Instrumento: [Véu] Piano [Abu] Percussão [Dudare] Baixo (McCartney tocando de preferência) [Cláudio] Bateria [Karranka] Guitarra
Cantora: [Véu] Tori Amos [Abu] Bjork [Dudare] Rita Lee (zelo mais pela alma e composições, e isso ela tem de sobra) [Cláudio] Sara Tavares [Karranka] Elis Regina
Cantor: [Véu] Thom Yorke [Abu] Chris Cornel [Dudare] Ray Charles [Cláudio] Youssou N’dour [Karranka] Robert Plant
Cidade: [Véu] Masdar City [Abu] Lauro de Freitas [Dudare] Todas que não conheci [Cláudio] Salvador [Karranka] Barcelona
Cor: [Véu] Tons terra [Abu] Azul [Dudare] Verde [Cláudio] Verde [Karranka] Azul
Time: [Véu] o que está perdendo [Abu] Brasil [Dudare] E.C. Bahia [Cláudio] E.C. Bahia [Karranka] C.R. Flamengo
Atleta: [Véu] Abu rsrs [Abu] Bob Burnquist [Dudare] Mailson [Cláudio] Usain Bolt [Karranka] Michael Phelps
Filme: [Véu] Terráqueos [Abu] The Goonies [Dudare] Monty Python: Em Busca do Cálice Sagrado [Cláudio] Os Deuses Devem Estar Loucos [Karranka] Os Suspeitos
Ator: [Véu] Rowan Atkinson (ficar sério numa montanha-russa não é pra qualquer um rsrs) [Abu] Matheus Nachtergaele [Dudare] Sean Penn [Cláudio] Gcao Coma [Karranka] Morgan Freeman
Atriz: [Véu] Linda Blair (virar a cabeça 180º não é pra qualquer uma rsrs) [Abu] Fernanda Montenegro [Dudare] Fernanda Montenegro [Cláudio] Audrey Tautou [Karranka] Sônia Braga
Escola de samba: [Véu] Nenhuma [Abu] Nenhuma [Dudare] tenho simpatia pelas cores da Mangueira [Cláudio] Todas [Karranka] Salgueiro
Sonho: [Véu] O da padaria da esquina (de creme) [Abu] Mundo [Dudare] o mundo da imaginação :P [Cláudio] sonho [Karranka] Progresso
Viagem: [Véu] Chapada dos Veadeiros [Abu] Oriente Médio [Dudare] Amsterdam [Cláudio] Europa [Karranka] Egito
Palavras ao Zanzei: Foi um prazer imenso responder esta entrevista. Agradecemos muitíssimo pelo bate-papo e esperamos que os leitores tenham curtido também. Muita música no coração de todos e positividades, sempre!
Cof, muito obrigada pelo papo! Parabéns por acreditarem no trabalho que vocês fazem, e por passarem, a quem conhece o som, uma verdade tão boa de sentir! Desejo a vocês muito sucesso aqui no Rio, e que o som da Cof se espalhe cada vez mais!